Solange Jurema, dois anos de entusiasmo e paixão à frente do PSDB-Mulher

Entrevista com a presidente nacional do PSDB-Mulher

Acompanhe - 20/07/2015

Solange-Jurema-Convenção-7-punho-erguidoBrasília (DF) – O PSDB-Mulher encerrou neste sábado (04), em seu IXº Encontro do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, um ciclo de dois anos sob a presidência de Solange Bentes Jurema, alagoana de enormes olhos castanhos e sorriso largo que, em março de 2010, foi signatária de uma cápsula do tempo – documento com um relatório da situação da mulher no Brasil, que só será aberto dentro de 48 anos.

Foram dois anos em que uma feminista histórica, advogada, mãe de três filhos e avó de sete netos, dona de uma carreira sempre voltada para os mais necessitados e para as questões de gênero, trouxe para o PSDB-Mulher Nacional, um novo olhar sobre temas que muitas de nossas tucanas consideravam ultrapassados. Solange Jurema nos lembrou a todas que o feminismo nunca esteve tão vivo e que é dever e privilégio de cada uma de nós levar essa bandeira à frente.

Carreira – Advogada formada pela Universidade Federal de Pernambuco, com especialização em Direito Constitucional e em Mediação e Arbitragem, cursou Gerência Social em Washington (Estados Unidos).

Solange, que sempre pautou sua vida profissional pela preocupação com o universo feminino, foi presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ); esteve à frente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher; foi presidente pró-tempore da Reunião Especializada da Mulher do Grupo Mercado Comum, Mercosul (REM).

Ministra – Em 2002, assumiu a Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher no governo Fernando Henrique Cardoso; mais uma vez pioneira, foi a primeira ministra da Mulher no Brasil.

Procuradora de Estado aposentada, Solange Jurema usou sua vasta experiência em gestão pública a serviço de Alagoas, ocupando a Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social no governo Teotônio Vilela, entre 2007 e 2010. Atualmente é secretária Municipal do Trabalho, Economia Solidária e Abastecimento da prefeitura de Maceió, na gestão de Rui Palmeira (PSDB).

Entusiasmo – Mais do que um belo currículo, o que chama a atenção em Solange Jurema é o entusiasmo, o brilho nos olhos quando ela descreve o projeto em gestação no momento. A felicidade com que conta a história de uma comunidade paupérrima que teve seu cotidiano transformado a partir do cultivo e processamento de um tipo específico de pimenta.

Alegria que transpareceu nos vários cursos de formação política e capacitação para novas lideranças que promoveu em parceria com a Fundação Konrad Adenauer, e usou para transformar a percepção de mulheres das várias regiões do Brasil. Solange lançou mão de sua experiência como gestora e fez acontecer, em um efeito em onda que chegou até as fronteiras, de boca em boca, de mulher para comunidade e de lá, novamente à mulher.

É fácil ver que o que move a presidente do PSDB-Mulher Nacional é a paixão pelo que faz. Sentimento que, mesmo com uma agenda intensa, ela transmitiu ao Secretariado Nacional da Mulher durante os últimos dois anos. Fomos conversar com ela, para fazer um balanço desse período em que aprendemos tanto, e que passou rápido demais.

Bate-Papo

PSDB-Mulher – Dois anos e parece que foi ontem, embora tanto tenha acontecido. Dá para falar um pouco sobre a experiência de presidir o PSDB-Mulher Nacional?

Solange Jurema – Sempre que assumi uma nova missão, uma nova responsabilidade, aprendi muito.
No meu caso, sem dúvida, o que foi mais interessante nos últimos dois anos, foi conhecer a diversidade de mulheres existente por esse Brasil afora. Ter oportunidade de perceber que, apesar da diversidade geográfica e cultural existente, os nossos problemas, as nossas angústias, as nossas dificuldades são as mesmas e ao mesmo tempo tão diferentes.

De Norte a Sul, a ausência do Estado

Uma coisa ficou extremamente clara – prossegue Solange -, as mulheres ainda precisam de políticas públicas que melhorem suas vidas, e estas só acontecem através de partidos políticos ou de quem está no poder. Por isso insisto tanto na importância de maior participação feminina na política e nos partidos políticos.

O que se percebe é que, apesar de haver alcançado muitas conquistas sociais – e o Brasil melhorou, é inegável – o país ainda sofre uma enorme carência de serviços públicos que visem melhorar a vida das mulheres.

Temos que participar ativamente da vida partidária e capacitar cada vez mais as mulheres que ingressam agora no PSDB; assegurar-nos que tenham conhecimento de que, se não tivermos no país acesso a serviços públicos como creches, escolas de tempo integral, serviços de transporte e de saneamento público competentes. Se não tivermos serviços de fornecimento de água de qualidade – no Nordeste, por exemplo, mulheres ainda carregam lata d’água na cabeça – a condição feminina não evoluirá.

PSDB-Mulher – Pode-se dizer então que uma das funções do PSDB-Mulher Nacional nos últimos dois anos, como segmento político, foi conscientizar as mulheres sobre os efeitos da ausência do Estado em seus cotidianos e orientá-las sobre como transformar essa realidade?

Solange Jurema – Sim, porque essa ausência onera o tempo e a vida da mulher. O que dificulta sua vida profissional, suas atividades políticas. Por isso é tão importante renovar o movimento feminista, reivindicar, de acordo com cada época e lugar.

O que se vê é que, no fundo, no fundo, as mulheres, apesar da diversidade – já que a carência, por exemplo, do interior do Amazonas, não é necessariamente igual à de uma mulher do interior do Rio Grande do Sul nem do interior do Nordeste -, todas têm uma dificuldade em comum a enfrentar: o tempo que poderiam dedicar a suas vidas é grandemente prejudicado pelo enorme voluntariado que precisam doar, substituindo a ausência do Estado nos serviços que ele deveria prestar.

Sem dúvida destaco a importância que foi, para mim, conhecer as dificuldades de todas essas mulheres, e durante dois anos promover todos os cursos de capacitação que fizemos, para candidatas e líderes. Mulheres que podem fazer a diferença em suas comunidades e vir a influenciar as políticas públicas de seus municípios, de seus estados e do nosso país.

Não se concebe, em pleno século XXI, que mulheres ainda carreguem lata d’água na cabeça; não se concebe, em pleno terceiro milênio, não se ter creches de qualidade para que essas mesmas mulheres possam deixar seus filhos e exercer com tranquilidade a sua profissão ou um cargo político, saindo candidatas.

 

Leia a íntegra da entrevista aqui.

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20/07/2015