Tasso: Perdi uma eleição, mas não perdi a minha história
Em sua despedida no Senado, ele diz que Lula foi uma decepção como democrata e estadista
Em sua despedida no Senado, ele diz que Lula foi uma decepção como democrata e estadista
Para um plenário lotado, Tasso Jereissati (CE) fez hoje o seu discurso de despedida no Senado Federal. Ao lembrar ano a ano dos oito do seu mandato, Tasso destacou que deixa a vida pública exatamente como chegou a ela: “Não me arrependo, não me resignei ante à corrupção e não traí a minha história, nem minha essência ou aos ensinamentos do meu pai”(o senador Carlos Jereissati).
O senador cearense – derrotado eleições de outubro – começou a sua fala destacando o cenário de 2003, quando o Brasil vivia a recente eleição do presidente Lula. “Marco histórico que saudei nas minhas primeiras palavras, por sua trajetória de líder político nordestino, operário e líder sindical”. Passados os dois mandatos do presidente, no entanto, e a série de escândalos, Tasso diz não tem qualquer dúvida que “o presidente Lula foi uma decepção como democrata e estadista”.
“A sua conivência com a desonestidade e sua fraqueza diante dos malfeitos de seus companheiros e aliados não estão a altura das expectativas que o povo brasileiro tinha nele”, afirmou. E enumerou vários escândalos ocorridos no atual governo como “Bingos, Celso Daniel, Vampiros, Toninho do PT, Correios, Sanguessugas, Dólares na Cueca, Francenildo, Aloprados”. Para Tasso, hoje “são verbetes da enciclopédia de escândalos que envolveram o governo, o Partidos dos Trabalhadores e seus aliados”.
Ele lembrou que os tucanos tentaram ter uma convivência democrática com o governo petista que jamais foi entendida por este. Para ele, falta, ao presidente Lula, a compreensão da importância da oposição numa democracia. “Lula ignora que, se é verdade que nem sempre é possível escolher aliados, sempre se pode escolher os adversários”. Mas, lembrou, “não há melhor aliado do que um adversário digno”.
HERANÇA
Para Tasso, foi preocupante a “insistência obcecada do presidente em diminuir, desvalorizar e desqualificar as realizações dos governos anteriores, tachando-as de herança maldita”. E aproveitou para fazer uma enfática defesa das realizações dos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Ironicamente, os maiores exemplos da boa herança deixada por FHC são exatamente, aqueles programas que mais contribuíram para garantir a popularidade de Lula e dar credibilidade ao seu governo: a estabilidade da economia, as privatizações e o Bolsa Família”. E, lembrou: “o Plano Real foi o maior plano de combate à pobreza levado a termo no Brasil”.
Do exterior, o ex-presidente Fernando Henrique lembrou que “Tasso foi sempre um grande parceiro meu e um grande impulsionador de todos os avanços que o PSDB conseguiu promover desde a sua fundação. Contei com ele como presidente e conto com ele como brasileiro e membro do PSDB para irmos em busca de novos avanços sociais e econômicos para o Brasil”.
Antes de terminar o seu discurso, que na avaliação do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), foi “legítimo, notável”, Tasso fez questão de prestar contas do seu trabalho como senador aos seus eleitores no Ceará: “São fruto deste trabalho o Estatuto do Desarmamento e o plebiscito sobre o porte de armas; a reforma da Lei de Execuções Penais, que hoje permite o isolamento de lideranças do tráfico de drogas; a Vídeo Conferência para interrogatório de presos e depoimento de testemunhas; as pulseiras para monitoramento eletrônico de presos; a regulamentação da progressão de regime no cumprimento das penas de crimes hediondos, dentre outros”, destacou.
No encerramento, ele respondeu ao comentário do Lula de que a derrota de alguns senadores da oposição teria sido obra de Deus. “Mais próximo de Deus, certamente está o padre Antônio Vieira, que em seu célebre “Sermão do Bom Ladrão”, comparou os príncipes de Jerusalém aos governantes de sua época, que fingiam, assim como hoje, não saber o que acontecia sob suas barbas”.
Para o senador Aécio Neves (MG) que esteve no plenário do Senado para ouvir o discurso, “Tasso apresentou em seu pronunciamento um resumo de sua coerente atuanção nessa etapa da sua vida pública”. Ele disse estar seguro de que o senador que se despede terá ainda papel extremamente relevante na construção da história do PSDB e do Brasil”. Para Aécio, “Tasso simboliza o que o PSDB tem de melhor. “Qualificado para o debate dos grandes temas nacionais, firme e corajoso na defesa de suas convicções e sempre fiel a seus princípios éticos e morais”.
Após sua fala, Tasso foi homenageado com os apartes de seus colegas por mais de duas horas.