Temer suspende liberação de verbas autorizadas por Dilma às vésperas do impeachment

Saúde - 07/06/2016

Dilma-adeusBrasília (DF) – O presidente em exercício, Michel Temer, ordenou a suspensão do empenho de cerca de R$ 400 milhões em ministérios como Cidades, Saúde, Turismo e Integração Nacional, que foram reservados pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff às vésperas da votação do processo de impeachment no Congresso. Segundo depoimento de um dos ministros ao jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (7), “a esmagadora maioria” dos recursos atendia a deputados e senadores que votaram em favor da petista.

De acordo com a reportagem, o mapeamento das pastas apontou que o Ministério das Cidades suspendeu repasses de quase R$ 300 milhões, – metade do valor já empenhada – enquanto o Turismo cancelou a liberação de R$ 87,4 milhões. A Saúde, por sua vez, suspendeu o empenho de R$ 40 milhões, dos quais metade havia sido destinada somente ao Maranhão, estado governado por Flávio Dino, aliado de Dilma e um dos principais articuladores contra o impeachment.

O senador Dalírio Beber (PSDB-SC) afirmou que a suspensão ordenada por Temer foi uma resposta ao “toma lá, dá cá” praticado por Dilma às vésperas da votação do impeachment. “Não foram poucas as vezes em que os senadores se manifestaram contra esse modo de agir por parte da presidente Dilma. É lamentável e devem ser criados critérios para que a liberação não leve em conta apenas aqueles que agora vão votar ou respaldar as iniciativas do governo, por mais importantes que sejam os projetos de lei em tramitação”, ressaltou.

Em relato à publicação, auxiliares de Temer disseram que os recursos foram empenhados sem base técnica e, algumas vezes, sem projetos aprovados nos municípios. “Parte era de empenhos sem correspondência financeira. Ou seja, o governo não tinha nem como pagar”, afirmou o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB).

A ordem geral, chancelada por Temer, foi dada pelo ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo. Segundo ele, “as medidas foram tomadas às pressas” pelo governo anterior e, por isso, “precisam ser revistas”. Questionado sobre o perfil dos deputados e senadores beneficiados pelos recursos, Geddel disse que não faria “ilações”.

O senador tucano ainda criticou a gestão da petista e ressaltou que a postura do presidente Michel Temer é “adequada”. “Lamentamos que os parlamentares tenham se deixado envolver por isso. A conduta deles e de Dilma é reprovável. Os interesses da nação têm que estar sempre em primeiro lugar”, concluiu.

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07/06/2016