Tráfico de influência é do caráter quadrilheiro do PT
Para Sérgio Guerra, o caso de Erenice não é de política mas de polícia
Para Sérgio Guerra, o caso de Erenice não é de política mas de polícia
Brasília (15) – O Palácio do Planalto montou uma ofensiva política para minimizar o impacto da denúncia de tráfico de influência envolvendo a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, em intermediações do seu filho Israel Guerra entre empresas privadas e os Correios. Como costuma fazer, o presidente se apressou em blindar a ministra, braço direito da candidata Dilma Rousseff (PT). Instalou-se uma investigação para apurar as denúncias, poupando Erenice do inquérito aberto pela Polícia Federal.
Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a ministra Erenice tenta “fazer campanha política” ao atacar o presidenciável José Serra (SP), que não tem relação com os fatos ocorridos na Casa Civil. O senador acredita que a ministra deveria esclarecer ao País as denúncias de tráfico de influência, não denegrir a candidatura tucana.
“Ela [Erenice] verdadeiramente toma o lugar da ministra Dilma na campanha política. O alvo de sua irritação não tem que ser o Serra. O objetivo da sua palavra tem de ser esclarecer o envolvimento da Casa Civil em episódios suspeitíssimos. Esse caso não é de política, é de polícia”, disse Guerra ao G1.
Ele afirma que o melhor seria o afastamento da ministra durante as investigações. “Deveria se afastar em vez de fazer campanha política. Os movimentos dela são claramente político-eleitorais”, declarou. Ele recorda que não é a primeira vez que Erenice se envolve em casos suspeitos. Ela já tinha participado da elaboração de dossiê contra Ruth Cardoso.
Por falar em apuração, ao invés de esclarecer o assunto, Erenice disparou uma série de notas contra José Serra e a revista Veja, que trouxe à luz as intermediações de Israel Guerra em contratos milionários entre empresas privadas e os Correios, mediante pagamento de propina à Capital Consultoria e Assessoria, que tem o filho da ministra como sócio.
Responsável pela denúncia, o empresário Fábio Baracat, sócio da MTA Linhas Aéreas, desmonta o discurso da ministra. Ele afirma que se encontrou diversas vezes com Erenice antes de fechar contrato com os Correios, no valor de R$ 84 milhões. De acordo ele, em um dos encontros, em abril deste ano, quando já havia assumido o comando da Casa Civil, Erenice teria dito: “Entenda, Fábio, que nós temos compromissos políticos a cumprir.”
Líder do PSDB na Câmara, o deputado João Almeida (BA) é cético em relação aos rumos da investigação da Polícia Federal. “Foram realizadas negociatas dentro e fora da estrutura pública. Isso demonstra claramente o caráter quadrilheiro das ações do PT”, afirma. “Na prática, evita-se a todo custo a apuração dos fatos.”
A versão apresentada pelo empresário, avalia Almeida, não condiz com as desculpas apresentadas pelo governo federal. “A cada hora aparece uma novidade. Ninguém pode pensar que um esquema desse se estabelece sem a colaboração de uma pessoa importante, um cabeça. Esse alguém é a Erenice Guerra, próxima à Dilma Rousseff”, encerrou.