Tucanos rebatem “golpe” e apostam em aprovação do impeachment em comissão da Câmara
Após mais de cinco horas de reunião na Comissão da Câmara, deputados do PSDB acreditam na aprovação do impeachment
Com argumentos que rebatem a tese do governo federal de que a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff é um “golpe” contra a democracia, deputados do PSDB apostam no resultado favorável à perda do mandato da petista na Comissão Especial do Impeachment, na Câmara.
A comissão vai decidir nesta segunda-feira (11) se o processo de impeachment deve seguir para o plenário da Câmara. Os tucanos são favoráveis ao relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que responsabiliza Dilma por crime de responsabilidade com as chamadas “pedaladas fiscais”. Após a aprovação pela comissão, o processo deve ser analisado pelo plenário a partir de sexta-feira (15), com a votação possivelmente ocorrendo no domingo (17).
Líder do PSDB na Câmara, o deputado Antônio Imbassahy (BA) discursou na reunião da comissão para defender a aprovação da perda do mandato de Dilma. O tucano disse que, nesse momento crucial da democracia, os parlamentares definirão o futuro do país em nome dos milhões de brasileiros que elegeram seus representantes. “A história nos marcará para sempre pelo voto dado”, disse o líder.
O tucano ressaltou o trabalho desempenhado pela comissão especial, que respeitou as regras e prazos determinados pela Constituição e pelo Supremo Tribunal Federal. O colegiado garantiu a palavra tanto aos autores da denúncia quanto à defesa da presidente Dilma. A petista teve, portanto, assegurado amplo direito de defesa, frisou Imbassahy – o que desmente a tese de “golpe” alardeada pelo PT e aliados de Dilma. Além disso, o relatório é consistente e conclui que a presidente praticou crime de responsabilidade, completou o deputado.
Imbassahy revelou à comissão a incoerência do Partido dos Trabalhadores ao lembrar fatos do passado. O PT votou contra o texto da Constituição, em 1988, e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000. Os criadores do discurso de “golpe” são os mesmos que apoiaram 50 pedidos de impeachment contra Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e Fernando Collor.
Para o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), o resultado da votação na comissão especial da Câmara vai comprovar a legalidade do processo. “A partir da votação na comissão especial que deverá, com toda certeza, ser favorável ao impeachment da presidente Dilma por maioria significativa, é importante deixar claro para a sociedade, que aguarda com muita tensão todo esse processo do impeachment que ocorre no Congresso Nacional, para desmentir o que o PT vem falando, de que o impeachment é golpe”, disse o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP).
O tucano afirmou que a oposição vai mobilizar a sociedade para pressionar os congressistas a votarem em favor do impeachment também no plenário. “O Brasil não pode continuar parado, sofrendo. Esse processo vai permitir a sociedade se reencontrar com seus representantes e a gente vai poder ter uma sintonia daquilo que a sociedade realmente quer. E não há nenhuma dúvida de que maioria da sociedade espera que o impeachment seja feito.”
Para o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), a aprovação do impeachment na comissão da Câmara vai dar “impulso” para o plenário tomar decisão semelhante. “O clima aqui, ao longo do tempo, tem aumento no sentido de deteriorar a base do governo. As pessoas estão se posicionando, os deputados, em função do interesse dos seus eleitores, e vendo a conjuntura nacional”, afirmou.
Marinho disse que o “balcão de negócios” deflagrado pelo governo, com a oferta de cargos a aliados em troca de derrubarem o impeachment, não será suficiente para garantir o mandato à presidente Dilma.
“Às vezes o deputado vem aqui e conversa com alguém do governo até se sensibiliza por uma vantagem imediata, mas quando volta para a sua base, e essas são suas estruturas familiares, seus amigos, seus eleitores, volta com outra sensação. E eu não tenho dúvidas que os deputados vão escolher a sua biografia e o seu legado e não vão escolher se entregarem por ‘um prato de lentilhas’”, afirmou.
A deputada federal Geovânia de Sá (PSDB-SC) acredita que o afastamento da presidente é a melhor alternativa, e que a comissão está atendendo a um clamor da população brasileira. “Acredito que a maioria dos deputados estão colocando a mão a consciência e sabendo que a melhor decisão para o nosso país é o impeachment. Temos certeza que a votação será também a favor do relatório, não é surpresa, porque, na verdade, quem está se movimentando e mobilizando é a população, que não aguenta mais este governo, que não aguenta mais o PT e toda a cúpula desse partido que está fazendo mal para o país.”
O deputado Caio Narcio (PSDB-MG) ressaltou que todos os requisitos necessários para a aprovação do impeachment serão preenchidos após a votação da comissão especial. “O processo de impeachment não acontece sem a causa jurídica e sem apoio popular e político. Os motivos jurídicos já foram ocupados e os motivos políticos já estão próximos do alcance. A população tem uma vontade majoritária pela saída desse governo e é óbvio que toda essa ação vai ser espelhada no dia da votação na Câmara, no domingo. São essas coisas que importam para que o processo seja bem sucedido”, comentou.
Para o deputado Nilson Leitão (PSDB-PA), após a comissão aprovar o relatório do deputado Jovair Arantes, o principal objetivo da oposição deve ser garantir o maior número de votos favoráveis ao impedimento de Dilma no Plenário da Câmara. “Os próximos dias, até domingo, serão de muito trabalho, para que nós consigamos chegar a uma maioria expressiva, bem mais do que os dois terços que são necessários para aprovar o impeachment no plenário da Câmara. Eu tenho a impressão de que o número de apoio que já conseguimos nos dá a expectativa de que vamos vencer. Mas é importante que essa vitória seja bem maiúscula, para expressar o sentimento da maioria esmagadora do povo brasileiro”, salientou.
PLACAR
Dos 65 titulares da comissão especial, 35 declararam ser favoráveis ao afastamento da petista, segundo o Placar do Impeachment publicado nesta segunda pelo jornal O Estado de S. Paulo. Do total de titulares da comissão, apenas 20 deputados se dizem contra o impedimento de Dilma, oito estão indecisos e dois não quiseram responder.
Já o placar esperado para o plenário da Câmara, publicado pelo Estadão, registra 293 votos a favor do impeachment e 116 contra. Somando aos favoráveis a quantidade de indecisos (61) e sem resposta (46), a oposição teria 400 parlamentares votando pelo afastamento, número bem superior aos 342 votos necessários para que a proposta seja aprovada.
* Com informações da liderança do PSDB na Câmara