Tucanos rebatem “golpe” e apostam em aprovação do impeachment em comissão da Câmara

Após mais de cinco horas de reunião na Comissão da Câmara, deputados do PSDB acreditam na aprovação do impeachment

Acompanhe - 11/04/2016

Comissão ImpeachmentCom argumentos que rebatem a tese do governo federal de que a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff é um “golpe” contra a democracia, deputados do PSDB apostam no resultado favorável à perda do mandato da petista na Comissão Especial do Impeachment, na Câmara.

A comissão vai decidir nesta segunda-feira (11) se o processo de impeachment deve seguir para o plenário da Câmara. Os tucanos são favoráveis ao relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que responsabiliza Dilma por crime de responsabilidade com as chamadas “pedaladas fiscais”. Após a aprovação pela comissão, o processo deve ser analisado pelo plenário a partir de sexta-feira (15), com a votação possivelmente ocorrendo no domingo (17).

Líder do PSDB na Câmara, o deputado Antônio Imbassahy (BA) discursou na reunião da comissão para defender a aprovação da perda do mandato de Dilma. O tucano disse que, nesse momento crucial da democracia, os parlamentares definirão o futuro do país em nome dos milhões de brasileiros que elegeram seus representantes. “A história nos marcará para sempre pelo voto dado”, disse o líder.

O tucano ressaltou o trabalho desempenhado pela comissão especial, que respeitou as regras e prazos determinados pela Constituição e pelo Supremo Tribunal Federal. O colegiado garantiu a palavra tanto aos autores da denúncia quanto à defesa da presidente Dilma. A petista teve, portanto, assegurado amplo direito de defesa, frisou Imbassahy – o que desmente a tese de “golpe” alardeada pelo PT e aliados de Dilma. Além disso, o relatório é consistente e conclui que a presidente praticou crime de responsabilidade, completou o deputado.

Imbassahy revelou à comissão a incoerência do Partido dos Trabalhadores ao lembrar fatos do passado. O PT votou contra o texto da Constituição, em 1988, e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000. Os criadores do discurso de “golpe” são os mesmos que apoiaram 50 pedidos de impeachment contra Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco e Fernando Collor.

Para o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), o resultado da votação na comissão especial da Câmara vai comprovar a legalidade do processo. “A partir da votação na comissão especial que deverá, com toda certeza, ser favorável ao impeachment da presidente Dilma por maioria significativa, é importante deixar claro para a sociedade, que aguarda com muita tensão todo esse processo do impeachment que ocorre no Congresso Nacional, para desmentir o que o PT vem falando, de que o impeachment é golpe”, disse o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP).

O tucano afirmou que a oposição vai mobilizar a sociedade para pressionar os congressistas a votarem em favor do impeachment também no plenário. “O Brasil não pode continuar parado, sofrendo. Esse processo vai permitir a sociedade se reencontrar com seus representantes e a gente vai poder ter uma sintonia daquilo que a sociedade realmente quer. E não há nenhuma dúvida de que maioria da sociedade espera que o impeachment seja feito.”

Para o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), a aprovação do impeachment na comissão da Câmara vai dar “impulso” para o plenário tomar decisão semelhante. “O clima aqui, ao longo do tempo, tem aumento no sentido de deteriorar a base do governo. As pessoas estão se posicionando, os deputados, em função do interesse dos seus eleitores, e vendo a conjuntura nacional”, afirmou.

Marinho disse que o “balcão de negócios” deflagrado pelo governo, com a oferta de cargos a aliados em troca de derrubarem o impeachment, não será suficiente para garantir o mandato à presidente Dilma.

“Às vezes o deputado vem aqui e conversa com alguém do governo até se sensibiliza por uma vantagem imediata, mas quando volta para a sua base, e essas são suas estruturas familiares, seus amigos, seus eleitores, volta com outra sensação. E eu não tenho dúvidas que os deputados vão escolher a sua biografia e o seu legado e não vão escolher se entregarem por ‘um prato de lentilhas’”, afirmou.

A deputada federal Geovânia de Sá (PSDB-SC) acredita que o afastamento da presidente é a melhor alternativa, e que a comissão está atendendo a um clamor da população brasileira. “Acredito que a maioria dos deputados estão colocando a mão a consciência e sabendo que a melhor decisão para o nosso país é o impeachment. Temos certeza que a votação será também a favor do relatório, não é surpresa, porque, na verdade, quem está se movimentando e mobilizando é a população, que não aguenta mais este governo, que não aguenta mais o PT e toda a cúpula desse partido que está fazendo mal para o país.”

O deputado Caio Narcio (PSDB-MG) ressaltou que todos os requisitos necessários para a aprovação do impeachment serão preenchidos após a votação da comissão especial. “O processo de impeachment não acontece sem a causa jurídica e sem apoio popular e político. Os motivos jurídicos já foram ocupados e os motivos políticos já estão próximos do alcance. A população tem uma vontade majoritária pela saída desse governo e é óbvio que toda essa ação vai ser espelhada no dia da votação na Câmara, no domingo. São essas coisas que importam para que o processo seja bem sucedido”, comentou.

Para o deputado Nilson Leitão (PSDB-PA), após a comissão aprovar o relatório do deputado Jovair Arantes, o principal objetivo da oposição deve ser garantir o maior número de votos favoráveis ao impedimento de Dilma no Plenário da Câmara. “Os próximos dias, até domingo, serão de muito trabalho, para que nós consigamos chegar a uma maioria expressiva, bem mais do que os dois terços que são necessários para aprovar o impeachment no plenário da Câmara. Eu tenho a impressão de que o número de apoio que já conseguimos nos dá a expectativa de que vamos vencer. Mas é importante que essa vitória seja bem maiúscula, para expressar o sentimento da maioria esmagadora do povo brasileiro”, salientou.

PLACAR

Dos 65 titulares da comissão especial, 35 declararam ser favoráveis ao afastamento da petista, segundo o Placar do Impeachment publicado nesta segunda pelo jornal O Estado de S. Paulo. Do total de titulares da comissão, apenas 20 deputados se dizem contra o impedimento de Dilma, oito estão indecisos e dois não quiseram responder.

Já o placar esperado para o plenário da Câmara, publicado pelo Estadão, registra 293 votos a favor do impeachment e 116 contra. Somando aos favoráveis a quantidade de indecisos (61) e sem resposta (46), a oposição teria 400 parlamentares votando pelo afastamento, número bem superior aos 342 votos necessários para que a proposta seja aprovada.

* Com informações da liderança do PSDB na Câmara

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11/04/2016