Venezuela proíbe a divulgação de pesquisas na reta final para eleições legislativas
Brasília (DF) – As eleições legislativas venezuelanas, que já têm sido vistas com desconfiança por organizações internacionais por conta da falta de transparência do governo do presidente Nicolás Maduro, agora também tiveram seus institutos de pesquisas silenciados. A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, anunciou neste domingo (29/11) que a publicação de pesquisas eleitorais e qualquer menção a elas está proibida nesta reta final do pleito, que acontece neste domingo (6/12).
As informações são de reportagem desta segunda-feira (30/11) do jornal Correio Braziliense. De acordo com a publicação, as últimas sondagens divulgadas apontavam tendências favoráveis a uma vitória da coalização opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que poderia obter maioria na Assembleia Nacional e se impor ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) pela primeira vez desde a ascensão do regime chavista, em 1999.
Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), a Venezuela já não segue o caminho da democracia há um bom tempo.
“A Venezuela já não obedece a cláusula democrática há um bom tempo, desde o [Hugo] Chávez e agora com o Maduro, que perdeu totalmente o controle e age na truculência, na violência. É uma ditadura o que tem na Venezuela, que persegue, manda torturar e matar os adversários. É lamentável o que está acontecendo na Venezuela. Toda essa série de proibições demonstram que eles têm medo da democracia, da transparência, da liberdade de expressão”, afirmou.
Tensão política
As eleições legislativas de domingo acontecem em meio à tensão política causada pelo assassinato do líder oposicionista Luis Manuel Díaz, baleado durante um comício na semana passada.
Luiz Carlos Hauly acredita que a blindagem que o governo Maduro tem feito ao redor da mídia e instituições venezuelanas amplia a possibilidade de fraudes eleitorais. Ele criticou ainda a postura omissa do governo federal brasileiro frente aos desmandos do país vizinho.
“Eles não obedecem a cláusula democrática que é a base da Organização dos Estados Americanos e dos direitos humanos, que já tem a programação dos direitos humanos há mais de 60 anos no mundo. A exemplo de outras eleições na Venezuela, a possibilidade de fraude é muito grande. É lamentável que em um vizinho ao nosso país esteja acontecendo isso. O governo brasileiro é omisso e conivente. A omissão tem a ver com a conivência que eles têm com esses regimes autoritários, discricionários, como o regime da Venezuela de Chávez e de Maduro”, completou o parlamentar.