Maceió – A ferrovia Transnordestina é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. Com investimentos de cerca de R$ 5,4 bilhões, a ferrovia ligará o sertão do Piauí ao litoral do Ceará e de Pernambuco – ao todo são 1.728 km.
As indenizações oferecidas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) – órgão que firmou convênio com o governo do Piauí para executar as desapropriações, está calculando as indenização com o valor do metro quadrado a menos de um centavo.
“A Transnordestina é fundamental para o desenvolvimento da economia nordestina”, reconheceu o deputado estadual Inácio Loiola. “Entretanto, a má aplicação dos recursos tem emperrado a obra a tal ponto que não há prazo para sua conclusão, o que mostra a falta de planejamento e de gestão do Governo Federal para com a administração pública no País”, concluiu.
Em reportagem veiculada pelo jornal Valor Econômico, um agricultor do Piauí, o Nelson do Nascimento, informou que a indenização oferecida a ele, já que a sua terra integra o traçado da Transnordestina, foi de apenas R$ 5,39. De acordo com o senhor de 67 anos, com o dinheiro da indenização ele não conseguiria nem ir ao fórum para contestar o valor, visto que gastaria R$ 10 para tal.
Nascimento vive na comunidade quilombola Contente, em Paulistana, por onde passa a Transnordestina. Com a obra, ele não sabe mais se chegará à roça de onde tira sustento, pois a ferrovia abrange uma área de cerca de 583 m² que usa como acesso.
O deputado Inácio Loiola comentou o fato. “É vergonhosa essa proposta do Governo Federal. É desconsiderar o suor e o esforço do homem do campo, que tanto trabalhou em sua terra para manter e sustentar sua família com o cultivo da lavoura e a criação de animais”, afirmou.
Segundo o deputado, as famílias que vivem no campo não podem ser pressionadas pelo Governo Federal em vender parte de sua propriedade por um “preço que não é suficiente para comprar nem um quilo de feijão”.
Órgãos públicos e empresas envolvidos na obra estão cientes do problema. “Estamos analisando esse possível problema, mas em princípio não houve erro no cálculo. A indenização, considerada baixa, foi calculada por parâmetros usados em todas as desapropriações do DNIT”, diz o diretor de infraestrutura ferroviária do órgão, Mário Dirani.
Mesmo assim o deputado ainda afirma que essa política somente serve aos interesses de empreiteiros que, infelizmente, estimulam o homem sair do campo para a cidade.