Ao completar 100 dias de seu segundo mandato como prefeito de Maceió, o tucano Rui Palmeira conversou nesta segunda-feira, 10, com o G1 Alagoas, falou sobre suas promessas de campanhas e priorizou na pauta Educação e Cidadania. Veja abaixo alguns dos pontos abordados:
Durante a campanha, uma das principais promessas era a construção de 20 novos Centros Municipais de Educação Infantil, que, na prática, vão funcionar como creches. Há alguma previsão para esse projeto sair do papel?
“Olha, tivemos no Ministério da Educação, uma visita há dois meses atrás, porque nós tínhamos já oito creches licitadas. Infelizmente o Ministério não liberou esses recursos até o momento. Na próxima terça-feira (11) estarei em Brasília mais uma vez e uma das tratativas referentes a isso, o recurso para essas creches, que a gente precisa de apoio do Ministério da Educação”.
“Mas independente disso, nós estamos vendo outras alternativas para abrir creches sem a dependência do Ministério, que seria através de convênios. Então, nós já estamos estudando isso para, em um curto espaço de tempo, anunciar esse novo formato de creches que passarão a funcionar no município de Maceió.
Na área da Educação, o senhor falou em adquirir 10 mil novos livros e ampliar o acervo das bibliotecas da capital. Isso já foi feito?
“Estamos adquirindo. A gente vai continuar esse ano tanto reforçando as bibliotecas quanto entregando uniformes. Esse ano vamos, mais uma vez, entregar os kits completos aos estudantes da rede municipal de educação. Pela primeira vez entregamos na gestão passada e vamos continuar com essa política. Então esses livros, alguns deles eu assinei na semana passada a compra e vamos certamente adquirir e reformar as bibliotecas municipais. Nos últimos quatro anos conseguimos levar bibliotecas para mais de 50 escolas e queremos sempre para reforçar essa estrutura física e estimular a leitura dos alunos das escolas municipais”.
O recurso para adquirir os livros é do governo federal ou próprio?
“São com recursos próprios. São com recursos dos 25% que nós destinamos exclusivamente para educação do município”.
Despoluir o Riacho Salgadinho já foi promessa de vários gestores. Na sua campanha de reeleição, o senhor falou que pretende implantar o projeto Jardins Filtrantes, com plantas aquáticas para filtrar as impurezas do riacho. Essa promessa está de pé?
“Eu nunca prometi despoluir o Salgadinho. Eu diria que essa é uma tarefa utópica, praticamente impossível. Mas a gente consegue, com essa tecnologia do jardim filtrante e de alguns barramentos e a construção de uma estação elevatória que vai bombear parte da água para o emissário submarino, a gente consegue minimizar a situação do Salgadinho”.
“Então esse projeto, tanto o Salgadinho quanto o Águas Férreas, que fica ali em Cruz das Almas, a gente colocou na carteira do empréstimo do CAF, que é um outro banco que a gente está trabalhando no projeto que a gente chama de Nova Maceió, que tem pavimentação e saneamento em vários bairros, na parte alta, litoral norte e estão incluídos esses dois projetos, Salgadinho e Águas Férreas”.
“Entendo que é uma tecnologia interessante que vem sendo testada em várias partes do mundo. Tem um projeto que foi feito por uma empresa francesa que é especialista nesse tipo de tecnologia e a gente espera, com a liberação do recurso, começar as obras dos jardins filtrantes tanto no Salgadinho como no Riacho das Águas Férreas, que fica em Cruz das Almas”.
Isso ainda seria esse ano?
“Esperamos que sim. Esse empréstimo está mais adiantado, ele já está no Tesouro Nacional. A gente já entregou toda a documentação, então está tramitando no Tesouro e a gente acredita que em um curto espaço de tempo vai ter a aprovação final desse empréstimo e vamos ter a obra desse empréstimo ainda esse ano”.
Um grande cartaz da sua primeira gestão foi a implantação da Faixa Azul. Para o segundo mandato, a promessa era estendê-la até a Avenida Gustavo Paiva. Há uma data para isso acontecer? Será em toda avenida ou somente em um trecho dela?
“Na verdade, nós conseguimos recursos há pouco tempo atrás e conseguimos empenhar R$ 3,5 milhões de recursos federais para conseguir fazer o alargamento da via, novas calçadas e nova via para ônibus. Isso está em fase de licitação e esperamos o mais rápido possível implementar essa faixa de ônibus na Gustavo Paiva, já que a Faixa Azul se mostra um grande sucesso.
“Nós conseguimos dobrar a velocidade dos ônibus urbanos em Maceió com a Faixa Azul, que foi uma medida simples que teve muita rejeição no começo e hoje é um grande sucesso, mais de 95% da população aprovam a Faixa Azul e nós vamos, é claro, intensificar a fiscalização nas Faixas Azuis já existentes e vamos iniciar a obra assim que a gente finalizar essa licitação, que parte dos recursos, R$ 3,5 milhões com o governo federal”.
Mas, na prática, a Gustavo Paiva seria transformada em mão única e a Via Litorânea também mão única?
“A ideia da Faixa Azul na Gustavo Paiva é que ela seja uma faixa reversa. Então, o trânsito de carros particulares seria todo em uma direção e a Faixa Azul ficaria em outra direção. Faríamos um binário do veículo de passeio com a Via Litorânea. Então, a ideia é fazer uma mão e a outra contramão e uma faixa reversa para o ônibus na Gustavo Paiva.
Uma outra promessa de campanha era disponibilizar banheiros públicos na orla de Maceió. Isso já foi colocado em prática? Há alguma previsão?
“Nós conseguimos empenhar o recurso junto ao Ministério do Turismo e estamos abrindo a fase de licitação. Serão, salve engano, nove pontos de banheiros públicos na orla de Pajuçara até Jatiúca. Então vamos abrir a fase de licitação e esperamos que no próximo verão tenhamos os banheiros públicos disponíveis para a população maceioense e para o turista que nos visita.
Nesses primeiros 100 dias, prefeito, também surgiram algumas polêmicas. Uma delas era sobre os pardais eletrônicos de fiscalização de trânsito. Mesmo com muita gente criticando, eles foram reativados e até implantados novos. Como você avalia a utilidade destes equipamentos? A fiscalização será implantada?
“Nós vamos continuar implementando os radares. Eu acho que Maceió era a única capital do país que não tinha radar. E eu entendo que uma capital com mais de um milhão de habitantes e mais de 300 mil veículos, é impossível você ter um agente de trânsito em toda esquina. Então nós implementamos os radares e vamos intensificar a fiscalização sobretudo na Faixa Azul, já que infelizmente muita gente desrespeita a Faixa Azul. E eu diria pra você que isso é uma falsa polêmica já que o radar existe em toda cidade e hoje existe em Maceió”.
“Nos últimos 30 dias, nós comparamos com os anteriores a implantação dos radares e o número de acidentes caiu, sobretudo os acidentes com vítimas. Então, mostra que isso é um mecanismo importante para a prefeitura e não é porque é polêmico que a gente vai deixar de fazer, se a medida tem estudo técnico, respaldo dos órgãos técnicos e a gente entende que é positivo para a cidade, nós vamos continuar com o radar e intensificar e intensificar a fiscalização, sobretudo, na Faixa Azul”.
Há projeto para ampliar o número de pardais na cidade?
“Sim, nós temos vias na cidade que hoje as pessoas trafegam em altíssima velocidade, posso citar aqui a Via Litorânea, a Josepha de Mello, por exemplo, que precisa urgentemente de radar. Há um excesso de velocidade nesses pontos e certamente isso já está sendo estudado pela SMTT”.
Recentemente, também houve um embate na Justiça a respeito da Zona Azul. A prefeitura ganhou a causa e iniciou a implantação da cobrança pelo estacionamento em áreas públicas na Jatiúca. Como o dinheiro arrecadado será aplicado? Se der certo, qual o próximo ponto a receber a Zona Azul?
“Inicialmente, nós queremos e vamos implantar a Zona Azul nos chamados bolsões, que são áreas de estacionamentos que já pertencem ao município de Maceió, que são públicas e que estavam sendo terceirizadas. Então alguém tomou conta daquela área e lucrando com uma área que é pública. O que nós vamos fazer é ordenar o uso daquela área e passar a cobrar por isso, porque já tem alguém cobrando. Então o município vai passar a arrecadar com isso”.
“A nossa ideia é que o município utilize esse recurso exclusivamente em melhoria no sistema de transporte público, uma das opções que estamos avaliando é subsidiar o Domingo é Meia, que o cidadão maceioense vai pagar apenas metade da passagem aos dias de domingo. Então a ideia da gente é subsidiar isso com o valor da Zona Azul, que está sendo implantada na área do Stella Maris, para que em breve possamos chegar em outros bolsões de estacionamento, sobretudo, na orla da capital”.
Também houve críticas em relação ao projeto Domingo é Meia, que permitiria a qualquer usuário pagar metade do valor da passagem de ônibus. Muita gente achou que isso já valeria no início do ano, mas em entrevistas depois de reeleito, o senhor informou que o projeto será implantado em junho. Por que esse prazo é necessário?
“Nós precisamos encaminhar o projeto de Lei para a Câmara Municipal de Maceió agora em maio, para que em junho o Domingo é Meia esteja funcionando devidamente. Nós não implantamos desde o início porque, conforme a nossa licitação, nós precisamos mostrar de onde virá esses recursos, então a prefeitura vai ter que subsidiar o Domingo é Meia a empresas. A gente não pode simplesmente criar um benefício e não mostrar de onde vem o recurso, senão isso pesaria fatalmente para todo mundo. Então vamos encaminhar o projeto em maio para que em junho esteja funcionando”.