A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anunciou, nesta segunda-feira (14), apoio ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Inédita na história da entidade, a decisão foi aprovada, por unanimidade, após reunião conjunta entre o conselho de representantes, a diretoria da federação e a cúpula do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Em 29 de setembro de 1992, o então presidente da Fiesp, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, fez um discurso em sua posse defendendo, pessoalmente, o impeachment do presidente Fernando Collor, mas não houve apoio oficial da entidade.
De acordo com matéria do jornal O Estado de S.Paulo desta terça-feira (15), o atual presidente da entidade, o empresário Paulo Skaf, afirmou que os motivos que levaram a entidade a formalizar o apoio ao impeachment são a redução dos empregos formais, o ajuste fiscal “que foi anunciado ao longo do ano, mas não foi feito”; a “perspectiva de estouro de Orçamento no próximo ano”; e a “total falta de credibilidade do governo”. “Essa posição oficial foi tomada devido ao momento em que nós chegamos. Se a situação continuar como está, o custo será muito alto para a Nação brasileira”, declarou o empresário em entrevista coletiva após o encontro.
Skaf – que é filiado ao PMDB e interlocutor do empresariado ao aliado vice-presidente da República, Michel Temer – também criticou a comemoração do governo Dilma pelo estouro das contas de 2015 e disse que os petistas deveriam vir a público pedir desculpas à população. “A crise política é causada pela total falta de confiança e de credibilidade do governo. O País está à deriva. Não observamos atitudes por parte da presidente no sentido de solucionar a crise e reduzir gastos”, ressaltou o empresário, que participou, pela primeira vez, no último domingo (13), da manifestação contra a presidente Dilma na Avenida Paulista – onde foi instalado em frente à sede da entidade um pato amarelo gigante que simboliza a campanha da Fiesp contra a recriação da CPMF.
Pesquisa
Segundo o Estadão, para justificar a decisão, a Fiesp divulgou uma pesquisa com 1.113 empresas paulistas, realizada entre 9 e 15 de novembro, que aponta que 91% dos entrevistados são pessoalmente a favor do processo de impeachment, enquanto 5,9% contrários e 3,1% não responderam. Conforme o levantamento, 85,4% das empresas apoiam a medida, enquanto 4,9% rechaçam e 9,7% não se posicionaram. Além disso, 91,9% dos empresários defenderam a declaração do posicionamento oficial da Fiesp sobre o processo de impeachment.
De acordo com a Fiesp, existem 153 mil empresas de transformação e construção civil em São Paulo e a entidade representa 133 sindicatos patronais de várias áreas. Ao todo, foram enviados 8.395 questionários para empresas de vários portes e o questionário foi preenchido pelo proprietário, presidente, diretor, “ou uma pessoa da empresa que tenha uma percepção mais ampla dos seus negócios”.