Brasília (DF) – O retrocesso social já se destaca nos principais indicadores brasileiros. O país perdeu uma posição no ranking que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e ficou em 75º lugar em 2014. Os dados foram divulgados ontem (14) em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre 188 países. O resultado é reflexo da estagnação do Brasil no ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,1% e a inflação chegou a 6,41%, bem próxima do teto da meta, de 6,5%.
O IDH brasileiro passou de 0,752 em 2013 para 0,755 em 2014, mas o crescimento foi irrisório perto de outros países. Entre os vizinhos, o Brasil está atrás da Venezuela, Chile e Argentina. Desde 2010, o país não caía neste ranking, que é medido anualmente com base em indicadores de renda, saúde e educação. As informações são do editorial do jornal O Globo desta terça-feira (15).
De acordo com a publicação, o resultado é prova cabal de que políticas criadas em nome do combate à pobreza, da erradicação da miséria e da distribuição de renda resultam no oposto se não forem bem formuladas, se obedecerem apenas ao voluntarismo dos poderosos de turno.
Em relação às perspectivas do país, o jornal avalia como “péssimas”, pois, quando o IDH de 2015 for calculado, “prevê-se que o Brasil desabe no ranking”, já que ele contabilizará uma recessão de 3,5% e uma inflação de dois dígitos, acima de 10%.
Lulopetismo
Segundo o editorial, a “irresponsabilidade” do lulopetismo – o descuido, por preconceitos ideológicos, com regras comezinhas de administração macroeconômica – ameaça jogar no lixo as conquistas sociais iniciadas com o Plano Real.
De acordo com o editorial, no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT deu sequência à política econômica sensata da era Fernando Henrique Cardoso. Porém, a partir do final daquele governo, passou a adotar o programa econômico do velho PT.
Já em 2013, com a presidente Dilma na Presidência, técnicos do Tesouro alertaram o secretário Arno Augustin para o risco da política fiscal desregrada e do uso de manipulações estatísticas, e previram o que aconteceu: perda do selo de bom pagador pelo Brasil e dezenas de bilhões de um buraco não contabilizado. “O IDH captou em 2014 o início da debacle social. Só tende a piorar”, concluiu o editorial.