Brasília (DF) – A Petrobras pagou US$ 85,14 milhões à Astra Oil em fevereiro de 2007 para garantir à sua então sócia na refinaria de Pasadena um lucro mínimo com o negócio, atendendo à exigência do acordo de acionistas que as duas empresas haviam assinado no ano anterior, de acordo com a edição desta segunda-feira (31) do Estado de S. Paulo. O preço final que a estatal brasileira pagou pela operação do Texas sobe ainda mais: de US$ 1,18 bilhão para pelo menos US$ 1,265 bilhão.
O jornal informa ainda que o pagamento é confirmado em memorando da Astra à Receita Federal americana apresentado em um dos processos judiciais nos quais as duas empresas se enfrentaram. Com data de 19 de dezembro de 2008, ele tenta esclarecer dúvidas levantadas pelo auditor J. Clark Armitage sobre a natureza da transferência feita pela Petrobras.
O Estado de S. Paulo teve acesso a um documento que diz que o desembolso de 2008 dependeria das receitas obtidas pela trading de Pasadena em 2007, mas não está claro se ele chegou a ocorrer e qual o seu valor.
Esses dois pagamentos ganharam o nome de “alocação especial” no acordo de acionistas assinado pela Petrobras e a Astra no dia 1º de setembro de 2006. Na prática, era uma garantia de lucro mínimo, que seria bancado pela Petrobras mesmo na hipótese de a receita bruta com as operações da trading ser insuficiente para a realização dos pagamentos.
O problema é que a refinaria norte-americana só tem capacidade para processar óleo leve e precisaria receber investimentos para se adaptar à produção que a Petrobras tem em Marlin. Em tese, esse era o objetivo da compra de Pasadena. Oito anos e US$ 1,265 bilhão mais tarde, nenhum barril do campo foi refinado na empresa que a Petrobras comprou da belga Astra.