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Teotonio diz em artigo que não disputará eleição este ano

O sentido do dever cumprido

Por Teotonio Vilela Filho (*)

A política é uma atividade dura, que exige muitos sacrifícios dos políticos e, por consequência, de seus familiares. E fazer política com escrúpulos é ainda bem mais difícil.

Há pessoas que, para elas, basta uma filigrana de poder na política que se sentem recompensadas; para outras, é só respirar o poder e pronto, estão satisfeitas. Há as que usam a política para encher os bolsos de dinheiro e há quem faça da política um meio para atrair os holofotes, sentar-se numa verdadeira ribalta e pronto. Nenhuma dessas situações é o meu caso.

Aprendi com o meu pai, o velho senador Teotônio Vilela, que poder e política são para se fazer o bem de forma coletiva, nunca pessoal. Não tenho apego ao poder pelo poder. Daí eu ter decidido não disputar a eleição este ano, assim como não disputei a eleição de 2014, mesmo hoje e naquela época estando bem colocado nas pesquisas de intenção de voto para o Senado. Não é o poder pelo poder que me move.

Ao tomar essa decisão, fiz uma escolha de vida, atendi a um anseio pessoal, nada mais que isso. Perguntam-me nas ruas se a minha decisão tem a ver com o sentimento de já estar plenamente realizado na política. A questão não é de realização, mas de dever cumprido. Independentemente de brilhar ou não brilhar, meus mandatos de senador e de governador foram exercidos com muita responsabilidade e foco no melhor para os alagoanos e para o nosso estado. Eu sempre trabalhei para todos os municípios, atendi prefeitos, vereadores, lideranças, sem nenhuma preocupação se essas pessoas votaram ou não em mim.

No meu governo, as portas sempre estiveram abertas aos sindicalistas, mesmo os mais duros comigo, nunca interferi na polícia transferindo policiais por questões políticas, primei pela transparência pública e pelo respeito absoluto à lei e aos poderes legislativo e judiciário, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. Na Saúde, reformamos e construímos postos de saúde, UPAs; praticamente construímos um novo hospital, criando e depois ampliando o HGE, garantimos retaguarda de leitos em hospitais conveniados, colocamos para funcionar o Hospital de Santana do Ipanema, ampliamos a Unidade de Emergência de Arapiraca; colocamos uma base do Samu a cada 30km em todo o estado, inclusive uma aeronave e motos para agilizar o pronto-atendimento, implantamos o programa de cestas nutricionais para gestantes, e recebemos do Unicef uma premiação por sermos o estado que mais reduziu a mortalidade infantil no país.

Reativamos a Emater, tiramos Alagoas da zona de risco da aftosa, fizemos mais de mil quilômetros de estradas novas e renovadas, duplicamos a AL-101 Sul até Barra de S. Miguel , reformamos e construímos escolas, criamos programas como os Anjos da Paz para nos ajudar na luta aguerrida contra a violência; adquirimos armas, coletes e viaturas para as polícias Civil e Militar; tiramos o Canal do Sertão do papel e  deixamos 65 km do canal com água, além de outras etapas viabilizadas financeiramente; investimos em adutoras, saneamento básico, fortalecemos a economia com mais de cem indústrias de grande porte investindo em renda e emprego, incrementamos o turismo, implantamos e ampliamos programas para a agricultura familiar e cooperativada, incentivamos a microempresa, enfim, foram oito anos de muito trabalho, mas também de resultados significativos.

Isso, sim, me deixa gratificado como político em 28 anos de vida pública.

Fui presidente nacional do PSDB por cinco anos, vice-presidente do Senado Federal, onde, como parlamentar, ajudei a escrever a Constituição Brasileira e, como constituinte, coloquei nela a palavra Sertão, através de uma emenda aprovada pelo plenário por unanimidade.

Não me despeço da política, continuo como ativista do meu partido, membro das executivas estadual e nacional do PSDB, apoiador da candidatura de Rui Palmeira ao Governo de Alagoas, e sempre pronto e disposto a contribuir com o meu estado, mas dessa vez não como candidato a um mandato político, mas como cidadão e eleitor.

(*) Ex-senador e ex-governador de Alagoas

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