Reconduzido à presidência do PSDB no Amazonas, neste domingo (28), por aclamação de chapa única, o deputado estadual Arthur Bisneto admitiu que a legenda precisa crescer no Estado. “Tivemos que priorizar a eleição do prefeito em Manaus (Artur Neto), pela importância. Infelizmente, nós caímos muito no interior”, disse o parlamentar.
Com elogios ao governador Omar Aziz (PSD) e declarando simpatia a uma possível candidatura do vice-governador José Melo ao Governo do Amazonas, Bisneto disse que, em 2014, o PSDB dificilmente lançará candidatura para governador e senador, mas garante que a legenda estará dentro do “projeto vencedor” do ano que vem.
Para Bisneto, a atuação coadjuvante da legenda nas disputas regionais não tem causa na agenda negativa do PSDB nacional para o Amazonas, com ataques frequentes à Zona Franca de Manaus (ZFM). Mas sim no longo domínio do atual grupo política que governa o Estado. A seguir, trechos da entrevista que Bisneto concedeu a A CRÍTICA, ontem, na sede do PSDB, na zona Centro-Sul de Manaus.
O PSDB tem agenda para o Estado em 2014? Como a legenda se prepara para atuar na disputa eleitoral do ano que vem?
Nós temos uma liderança acima do partido (prefeito de Manaus Artur Neto). Independente do posicionamento do partido nacional, defende os interesses do Amazonas. A gente está analisando conjunturas, mas isso vai se definir só ano que vem. Tivemos que priorizar a eleição do prefeito em Manaus, pela importância. Infelizmente, nós caímos muito no interior. Tivemos diminuição dos cargos do executivo no interior. Apesar de melhorarmos para vereador. Nós vamos tentar reconstruir. E começa a reconstruir já na próxima eleição. As lideranças estão muito em torno do projeto para a cidade de Manaus. A gente não está no melhor momento do partido em relação algumas lideranças da legenda de fora.
Essa agenda negativa do PSDB nacional para o Norte impede o crescimento do partido no Amazonas?
Não diria nem agenda negativa. Hoje nós temos governador do Pará, governador de Roraima, prefeito de Manaus e Belém, vice-prefeito de Boa Vista. O partido está grande no Norte. Mas a gente tem que melhorar. Outro dia dei uma entrevista para o Correio Brasiliense e falei que o partido tem que começar pluralizar as discussões e decisões. Falei que decisão importante do partido não pode ser tomada em restaurante chique de São Paulo. Temos que discutir as realidades regionais e compreender os outros, mas puxar a brasa para a sardinha da gente. O PSDB está forte aqui porque nós temos uma liderança acima do partido, que é o prefeito Artur. Agente se norteia por defender o nosso Estado e sua política econômica a qualquer preço, independente de partido. O partido é uma unidade importante e buscamos respeitá-lo, mas acima do PSDB, e acima do Brasil, a nossa pátria é o Amazonas.
O PSDB polariza com o PT a disputa pelo Governo Federal há cinco eleições, mas aqui no Estado tem papel coadjuvante. Por quê?
Existe um grupo político, que desde a reabertura da democracia governa o Estado. Em um Estado gigante, com a dificuldade logística, é óbvio que quem tem uma estrutura maior tem mais facilidade para está presente. A máquina pública é mais fácil de se encontrar com as pessoas. Isso é natural. Mas vamos buscar o crescimento. Já estivemos muito forte no interior com dificuldade em Manaus. Hoje estamos fortes em Manaus com dificuldade no interior. Vamos colocar isso no mesmo patamar.
Como mudar esse quadro?
É um processo. Imagina se eu pudesse estalar os dedos e criar uma estrutura? É trabalho. Buscar lideranças no interior. Trabalhar uma agenda. A gente sabe que é difícil. É um absurdo de caro pegar um avião para viajar para a calha do rio Juruá, por exemplo. Com a nossa verba de partido não dá para fazer sozinho. Mas vamos começar viajar em maio. É só melhorar um pouquinho essa chuva, que vamos viajar o Estado inteiro. Trabalhar isso com o partido. Eu, como deputado, e o prefeito em alguns municípios vai viajar também, para tratar da agenda de 2014 e o crescimento do partido.
O partido tem ambição de disputar os cargos de governador do Estado e a vaga no Senado? Tem quadros para isso?
Temos vários quadros com muitos votos. Não sei governo. Acho que o prefeito já deu declaração que não sai candidato. Fica na Prefeitura de Manaus até o final de mandato. Se ele falou, é o que vai acontecer. Não é de duas palavras. A intenção da gente é formar um grupo político forte para o ano que vem. Eu já dei uma entrevista falando do José Melo (vice-governador – PMDB). Tenho simpatia pela candidatura dele. É uma figura quem tem um perfil interessante para o Estado. É do diálogo. Cumpre compromissos, obrigações e horários. Na época que eu era de oposição nós tínhamos um diálogo de respeito. Tem muita liderança do passado conhecida pela agressividade de destratar as pessoas. O José Melo não. É um perfil interessante. Tem o nome da Rebecca Garcia. Tem gente para se discutir. A gente vai estar no projeto vencedor ano que vem. Mas acima de vencer a eleição, vai ser um projeto que ajude a melhorar a condição do Estado. Estado que o Omar vem governando muito bem. O PSDB vai participar ativamente. Talvez o partido dispute o Senado. Não sei o posicionamento do Omar. Ele vai ditar muito o que vai acontecer na eleição para o Senado. O PSDB pode está com a candidatura de vice numa chapa para o Governo do Estado. Pode acontecer. Nós vamos fazer deputado federal. A intenção é fazer dois. Vamos aumentar a bancada na Assembleia Legislativa. Temos quadro para isso. Tem muita gente boa vindo para o partido.
A sua recondução à executiva estadual do partido sem eleição é uma aprovação do trabalho ou é porque outros membros do partido não têm espaço para crescer como liderança?
O partido da gente é muito democrático. Agora não dá para não reconhecer que a vida da gente é dedicada aqui dentro. Nós temos um grupo de pessoas que ajuda a gente, mesmo na dificuldade.
Qual a importância do prefeito Artur Neto nas eleições de 2014?
Ele é um dos fiéis da balança. Pela experiência e votos que tem no interior. Vejo ele ao lado do Omar como os dois grandes eleitores na próxima eleição. Não vejo ninguém perto dos dois na hora das decisões. E da força política em torno do projeto. É uma liderança constituída, importante demais numa eleição estadual e vai cumprir o seu papel.
Fonte: Jornal A Crítica