Investigado pela Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para assumir ministério após reunião realizada na manhã desta quarta-feira (16) no Palácio da Alvorada.
Lula assumirá o cargo de ministro-chefe da Casa Civil e, com o novo cargo, passa a contar com foro privilegiado na Justiça, o que impede seu julgamento por qualquer instância que não seja o Supremo Tribunal Federal, tirando das mãos de Sérgio Moro a competência para julgar os supostos crimes dos quais é acusado.
O líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antonio Imbassahy (BA), qualificou a chegada de Lula ao ministério como um deboche com a população e com os manifestantes brasileiros que foram às ruas, no último domingo (13/03), para pedir o fim da corrupção, o impeachment da presidente Dilma e o avanço das investigações sobre o petista no âmbito da Lava Jato.
A presidente Dilma afirma que ter Lula como ministro em seu governo será fundamental para que o país tenha chance de superar a crise, no entanto, importantes lideranças políticas discordam de sua decisão.
Um dos parlamentares mais influentes na área econômica no Congresso, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que mesmo com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro, o quadro de recessão e as dificuldades fiscais do Executivo dificultam uma mudança radical da condução da economia. O peemedebista afirma, ainda, que o mercado reagirá de forma negativa a mudanças radicais.
“A resposta da economia a loucuras é negativa, o dólar sobe, ninguém investe e, daqui a pouco, quem não está investindo vai tirar as empresas do Brasil. Aí, vira a Venezuela”
Segundo Jucá é preciso ter cautela diante da redução de crescimento da China e de países europeus e ainda após o resultado fiscal do ano passado, quando o País registrou o pior déficit primário da história.
Já na avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a nomeação de Lula para a Casa Civil é um erro do ponto de vista do funcionamento do governo.
“Por aí não vai. Acho difícil. A Casa Civil no Brasil é responsável pelo comando da máquina administrativa não é da política. Precisa de alguém para comandar para as coisas acontecerem. Colocar política (na Casa Civil) vai fazer uma confusão no Congresso que vai cobrar vantagens”
Na opinião de FHC, com Lula no cargo, a administração do país vai sofrer. “Do ponto de vista de como funciona o governo, é um erro. E é qualquer um. Não é o Lula. Pode ser eu. Ele vai fazer política. Não vamos sair desse círculo”.
A decisão pela nomeação de Lula vem menos de duas semanas após Lula ter se visto no centro das investigações da força-tarefa que investiga esquema de propina instalado dentro da Petrobras. Os escândalos de corrupção atrelados ao governo impulsionaram movimentos de protesto contra a presidente Dilma e o PT, os maiores já realizados na história do País, ocorridos no último domingo.