Em 2010, no auge da popularidade, o presidente Lula nadava de braçadas, zombava da crise internacional que para ele não passaria no Brasil e fazia bravatas, batizando de “marolinha” aquele tsunami econômico de dimensões planetárias. Num primeiro momento, o governo incentivou o consumo interno que aumentou o emprego e o estado de bem-estar da população, que consumia acima do endividamento de médio e longo prazo.
O crédito consignado foi às alturas. Flutuando em mar de almirante, indica a ministra Dilma Roussef como sua candidata, In pectore, à Presidência. Não seria diferente; eleita, a presidente caiu na própria armadilha armada pelo populismo. Não era chegada à política tão pouco tinha conhecimento econômico. Possui apenas o voluntarismo que a caracteriza e o pensamento que o seu saber está acima de tudo e de todos.
Distribuindo safanões verbais naqueles que questionavam suas ideias e a condução do país, esqueceu-se da regra simples em economia: não se pode gastar mais do que arrecada, pois “de onde só se tira e não bota, acaba”. Mas a reeleição era necessária para o projeto: o partido no poder às favas a Nação e o Estado.
Hoje, estamos numa crise sem tamanho cujo fim está longe cobrando da população o emprego e condição de vida alcançada devido ao Plano Real. O Congresso que não é tolo, principalmente com o apoio de partidos tidos da base governista, vem agindo com relativa independência votando medidas simpáticas à população, tentando sair da reta o que dificulta o maldito ajuste fiscal.
Encastelada no Planalto, a presidente faz de conta que nada tem a ver com o que se passa, visualizando a crise com olhar de quem ver a planície, enquanto seu partido, o PT, virou um saco de gatos com alguns querendo pular, fora enquanto outros a se unhar indiscriminadamente e para se defender atiram para todos os lados. Como diria minha avó, “pau que nasce torto até depois de queimado a cinza ė torta”, e nesta crise o que sobra para nós brasileiros é cinza torta, já que não há previsão de acertá-la pelo menos por enquanto.
*Sérgio Passos é médico, ex-presidente estadual do PSDB-BA e ex-deputado estadual
*Artigo publicado no Jornal A Tarde desta segunda-feira (6)
