
Ela, durante todo o tempo, defende o combate ao racismo durante a Copa do Mundo e se esquece que o Brasil continua após 2014. Assim como os estádios em Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília deverão ser aproveitados só durante o evento, a luta contra o preconceito será só durante a competição, como se este problema se restringisse ao esporte.
Conversa em gabinete e mensagem em rede social não resolvem em nada a questão do negro em nosso país. Precisamos de ações efetivas e planejadas e não tivemos isso ao longo dos últimos anos. Pelo contrário, foram negros quem vieram de Cuba para ganhar um salário baixíssimo para trabalhar como médicos.
Segundo o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os negros são vítimas de 70% dos assassinatos no Brasil. Somando a população residente nos 226 municípios brasileiros que têm mais de 100 mil habitantes, calcula-se que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior em comparação com os brancos. A pesquisa também aponta que negros são maiores vítimas de agressão por parte de policiais do que brancos. Já o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, no Brasil, o salário dos negros é em média 36% menor.
Tudo isso por quê? Não temos uma presidente que olha com a devida atenção este problema. Em Minas Gerais, a situação dos quilombolas chega a ser caótica. O estado tem 480 comunidades e apenas 185 são reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares. Ou seja, 295 comunidades não podem ter acesso aos programas de apoio. Outro ponto importante a ser destacado é que apenas uma comunidade quilombola teve seu território titulado, conforme previsto no artigo 68 dos ADCT, o que prova a irresponsabilidade do Governo Federal, pois, muitas delas, acabam sendo alvos de jagunços que tentam ceifar a vida de lideranças quilombolas.
Estes são apenas alguns dos exemplos de descaso do Governo federal com a questão do negro. É nítida a necessidade de uma política de inclusão racial nas escolas, mas nada foi feito. As crianças já devem aprender, desde o início, a se respeitarem, a entender as diferenças e apreciarem a beleza do negro. O preconceito não pode ser replicado de geração em geração e a educação é a chave para que um dia tenhamos igualdade.
Ao negar isso e propor campanhas que trazem resultados pouco concretos, Dilma continua subestimando os brasileiros.
Juvenal Araújo é presidente nacional do Tucanafro Brasil