A partir de 1º de abril, 120 mil empregados filiados e quase 500 mil dependentes dos colaboradores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) serão obrigados a cobrir o rombo de R$ 5,6 bilhões no Postalis, o Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos. Os funcionários dos Correios terão 25% seus salários descontados pelo período de 15 anos e 5 meses.
De acordo com o que está sendo colocado aos contribuintes do Postalis, um funcionário que receba um salário de R$ 5 mil, por exemplo, terá cerca de R$ 1.250 direcionados compulsoriamente para tapar o buraco deixado pelos responsáveis em gerir o fundo. Este percentual extra será pago pelos funcionários que entraram até 2008, cerca de 75% dos colaboradores dos Correios.
Informações divulgadas recentemente pela imprensa apontam como causa para o rombo a falta de transparência e ingerência dos recursos do fundo do Postalis e fazem ligação direta aos investigados pela Operação Lava Jato. Durante as investigações, foi encontrado pela Polícia Federal e-mails do doleiro Alberto Youssef atribuindo relação direta do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, à aplicação de R$ 73 milhões das fundações Petros e Postalis.
Nesta quarta-feira, 01, o assunto foi tema de discussão no plenário do Senado Federal, em Brasília. O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) lembrou que os problemas no fundo de previdência da ECT se arrastam desde 2008 e que, desde então, nada havia sido feito para conter os casos de corrupção no Postalis.
Displicência do Lula
“Somente agora, com as investigações da Polícia Federal em curso, é que passamos a entender o motivo da displicência do então presidente Lula, que tratou com descaso a situação no Postalis, em 2008. São muitas as operações controversas que utilizam recursos do fundo de previdência dos trabalhadores dos Correios. São várias as notícias sobre a perda de R$ 190 milhões com papéis lastreados em títulos de dívida da Argentina e a compra de notas relacionadas à dívida externa da Venezuela. São exemplos de como o dinheiro suado de carteiros e demais colaboradores da ECT vinha sendo utilizado, de forma inclusive, absolutamente irresponsável”, disse Flexa Ribeiro.
Para tapar o rombo
Em 2008, a diretoria do Postalis apresentou relatório aos beneficiários do fundo previdenciário, apresentando rombo no Plano de Benefício Definido (PBD). “À época, foi repassado aos beneficiários que o saldamento seria a medida mais acertada, pois fortaleceria o plano. Sete anos depois, ao invés de aparentar a robustez assegurada aos beneficiários, os trabalhadores dos Correios são forçados a contribuírem para tapar o rombo de R$ 5,6 bilhões”, ressaltou.
Novo escândalo
Para investigar os problemas com o fundo previdenciário dos Correios, tramita no Senado dois pedidos para instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Um de autoria do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e outro do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) enfatizou que a população que foi às ruas quer também respostas do Congresso Nacional para por fim a corrupção e, segundo o parlamentar, a investigação dos fundos de previdência deve ser compreendida como resposta a ser oferecida aos brasileiros. “A bancada do PSDB, através do líder Cássio Cunha Lima, toma a iniciativa de propor uma CPI para investigar os fundos de previdência. Postalis talvez seja o epicentro desse novo escândalo. A partir desse fundo de previdência nós chegaremos aos demais”, afirmou.
Da assessoria do senador/Liderança do PSDB no Senado