O plenário do Senado lotou e o silêncio se fez quando o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, subiu nesta quarta-feira à tribuna para fazer seu primeiro pronunciamento após as eleições presidenciais. Ao final, recebeu o aparte de pelo menos 17 colegas e foi parabenizado por diversas lideranças políticas.
“Aécio fez uma campanha o tempo inteiro falando a verdade, e a verdade falou na televisão, nos meios de comunicação, nas ruas, e repete aí nesta tribuna”, disse o senador Magno Malta (PR-ES). Para ele, faltou à campanha petista reconhecer os méritos de governos anteriores, do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. “Reconhecer o que o outro fez é gesto de grandeza; tentar desmentir isso ou não reconhecer é se apequenar demais, e foi isso que vimos nesse processo eleitoral”.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), que foi eleito governador de seu estado, cumprimentou Aécio por sua “estrondosa votação”, com votos de 51 milhões de brasileiros. “Tenho orgulho de ser do PDT, que faz parte da base de sustentação da Presidente da República, mas, desde o início, apoiei Aécio, lembrando-me de um poema de um poeta mato-grossense, Manoel de Barros, que diz: ‘Quem anda no trilho é trem de ferro. Liberdade é igual à água entre as pedras. Liberdade caça jeito”, afirmou.
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) destacou que Aécio não deixou de ter respeito por seus adversários em nenhum momento da campanha. “Talvez por isso, hoje, quando encontramos as pessoas que votaram em nós, nas ruas, em qualquer lugar, sentimos o abraço de quem quer, de certa forma, compensar uma injustiça. Não pelo resultado da eleição, mas pela mentira que foi permeada nessa campanha. O que mais me encanta é vê-lo [Aécio] defender, com ardor, vigor e fé, a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão. Essa é a força maior da democracia”.
Diálogo
O senador petista Eduardo Suplicy (SP) cumprimentou Aécio e ressaltou “a importância da sua disposição para o diálogo”. Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) reafirmou o seu voto em Aécio Neves por acreditar em seu nome como a melhor opção para o país. “Eu tinha muita esperança de que o senhor [Aécio] trouxesse essas três coisas: a renovação da política; a ordem na economia; e permitisse que as utopias que ainda estão em movimentos sociais, em siglas partidárias, lá dentro dos porões do palácio, viessem para a rua”, avaliou.
O tucano Cyro Miranda (PSDB-GO) salientou que Aécio foi o candidato do diálogo. “Apresentou propostas e um programa de governo, contra quem não tinha nada a apresentar e ainda não apresentou”.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) acrescentou que ganhar e perder fazem parte do processo democrático. “O que estamos aqui fazendo, e continuaremos fazendo, de forma muito nítida, seja na disputa nacional, seja nas disputas estaduais, é combatendo métodos com os quais se alcança a vitória, para corrigir distorções maldosamente criadas na manutenção da prática da mentira pós-resultado eleitoral”.
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) disse ainda que Aécio se “ombreia àquelas figuras históricas que fizeram a política de Minas Gerais, tais como Milton Campos, Juscelino Kubitschek, Aureliano Chaves e Tancredo Neves”.
“Eles deram, sem dúvida alguma, com as suas convicções, com o seu trabalho, com as causas que defenderam, exemplos marcantes para a história do nosso País. Votar é um ato importante, não um ato de conveniência nem de oportunismo. É um ato de convicção, que traduz a confiança e o apoio consciente do eleitorado a um programa de governo. E Aécio conseguiu conquistar milhões e milhões de mentes brasileiras com a sua coragem cívica, com a sua moderação, seu equilíbrio, a firmeza nos momentos decisivos, que deixaram exemplos para a nossa juventude de que só devemos lutar com as armas da democracia, do respeito ao adversário, da convicção em defesa de nossas ideias”, completou.
Ao final do pronunciamento, Aécio foi saudado pelo deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-candidato à Presidência da República na chapa de Marina Silva.