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No Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, Brasil ainda não está livre do racismo

21 de março de 2014
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juvenal-araujo-tucanafro-300x200Dia 21 de março é o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1976, para lembrar o triste episódio do massacre de Shaperville, durante o período do apartheid, na África do Sul.

Nesta mesma data, em 1960, 69 negros foram assassinados e outros 186 feridos gravemente pela polícia por estarem protestando contra a exigência de liberação para circular livremente nas regiões hegemonizadas pela minoria branca.

Se os mais visionários, tempos atrás, imaginaram que em 2014 a sociedade não teria muitos motivos para se engajar na luta contra o racismo, eles se enganaram. No Brasil, os números mostram que os negros ainda sofrem preconceito e estão em piores condições políticas, econômicas e sociais em relação aos brancos.

O Mapa da Violência 2012 deixa claro que a violência tem como alvo principal os negros – o número de homicídios de negros elevou-se 29,8% entre 2002 e 2010; como comparação, entre os brancos o indicador registrou diminuição de 25,5%.

Se restringirmos os dados somente à população jovem, veremos um impacto ainda maior. O número de jovens negros assassinados subiu 23,4% no período, e entre os brancos foi reduzido em 33%. Atualmente, existem 150% mais homicídios de negros do que de brancos.

Quanto à questão salarial do negro, um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que um trabalhador negro recebe em média 36,1% a menos que um não negro, independentemente da região onde mora ou de sua escolaridade.

A diferença salarial e de oportunidades de trabalho são ainda maiores nos cargos de chefia. De acordo com o Dieese, na Região Metropolitana de São Paulo, enquanto 18,1% dos trabalhadores não negros alcançam cargos de direção, apenas 3,7% dos negros atingem esta função.

No governo federal também fica evidente a desigualdade: negros não ocupam nenhum cargo de alto escalão. “O negro só assume o poder em secretarias ligadas ao negro, como a de Igualdade Racial. Na visão da maioria dos governantes o negro tem que cuidar do negro. A participação do negro no Legislativo também é muito baixa. Para a nação ser justa, deveríamos ter 51% de pretos no Parlamento. Na atual legislatura, dos 513 deputados federais apenas 43 (8,5%) se autodeclaram pretos. Infelizmente, as ditas minorias, que não são tão minorias, ainda estão fora do processo decisório da política brasileira,” afirma o presidente do Tucanafro Brasil, Juvenal Araújo.

Devido a acontecimentos recentes envolvendo o preconceito no futebol – como exemplo os casos dos jogadores Tinga e Arouca e do árbitro gaúcho Márcio Chagas – o tema reapareceu com força nas rodas de discussão. “É necessário que todos tenham consciência que o racismo ainda não acabou. A luta continua e, para termos êxito, precisamos que todos abracem a causa. No Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial vemos que o Brasil ainda tem muito a evoluir. O Tucanafro continuará trabalhando forte para que tenhamos mais igualdade no Brasil,” completa Juvenal.

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