Aécio Neves não está brincando quando afirma que não se pode governar o Brasil na base do improviso e que a Presidência da República não é para amadores. Pois bem. Menos de 24 horas após divulgar seu programa de governo, a candidata à Presidência da República Marina Silva já divulgou duas erratas.
Uma delas diz respeito aos direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais). No texto anteriormente divulgado, Marina Silva apoiava propostas em defesa do casamento civil igualitário e pretendia articular no legislativo a votação da PLC 122/06, que criminaliza a homofobia. Todas essas propostas foram retiradas e substituídas apenas por um texto sucinto e vago que diz: “Garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo”. Isso não muda nada o que já ocorre hoje, uma vez que o STF já reconheceu esse direito.
No ponto que aborda o combate ao bullying por opção sexual, o programa original era mais rigoroso. A nova versão ficou mais “light”. O texto antigo dizia que seriam “desenvolvidos materiais didáticos destinados a conscientizar sobre a diversidade de orientação sexual e às novas formas de família”. No novo texto, desapareceram os materiais didáticos.
Outra errata divulgada logo após o lançamento do plano de governo da candidata ex-petista, ex-PV e por ora alocada no PSB se refere ao desenvolvimento da energia nuclear no Brasil. No programa original, a energia nuclear era citada como uma das que deveriam ter aperfeiçoamento e aumento de sua presença na matriz energética do país. A errata sumiu com a energia nuclear do mapa. A ênfase agora será nas fontes renováveis, e o partido cita a solar, a eólica, a de biomassa, a geotermal, a das marés e a dos biocombustíveis de segunda geração.
Incoerência
Reportagem de hoje (31/8) do jornal O Globo aponta possível incoerência nas metamorfoses da candidata Marina Silva. E cita dois casos emblemáticos: o do plantio de transgênicos e o do projeto de transposição do rio São Francisco. Marina era radicalmente contra ambas as coisas, mas virou a favor a partir do momento em que entrou para o governo do PT.
Um setor que está muito ressabiado com Marina é o do agronegócio, um dos principais pilares da solidez da economia brasileira. Marina sempre foi crítica feroz desse setor. Apoiou, por exemplo, diversas ações de inconstitucionalidade contra o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional. Agora, ela acena e tenta se aproximar do agronegócio, como tem feito com a sociedade em geral, dizendo que representa a nova política. Mas, pelo demonstrado por Marina até agora, de nova ela não tem nada.