As prementes carências de hoje e o que queremos para o Brasil de amanhã são o conteúdo do documento apresentado ao país, em dezembro passado, pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. Com mais de 20 páginas, é uma espécie de agenda, com princípios, avaliações e propostas que pode e deve servir de arcabouço para um programa de governo do futuro candidato do partido à Presidência da República, com o compromisso de mudar, de verdade, a realidade brasileira.
O documento foi elaborado a partir das conversas com os brasileiros nas andanças do senador Aécio de norte a sul do país, durante todo o ano passado, em encontros com lideranças políticas, empresariais, comunitárias, sindicais e muita gente do povo. Aécio mais ouviu do que falou e constatou que há um sentimento de inquietação e frustração comum, mas de que há sonhos vivos e um grande desejo de mudança.
“Há também, em cada canto deste nosso imenso país, a esperança e a aspiração por um Brasil melhor, mais justo, ético e fraterno. Um Brasil diferente”, como está escrito no documento, cuja íntegra pode ser consultada no siteconversacombrasileiros.com.br/agenda-do-futuro/. O que se percebe é que o viés autoritário do governo Dilma Rousseff e a prática petista do vale-tudo para garantir a hegemonia do projeto de poder petista criaram um clima de desconfiança entre os brasileiros perante os poderes constituídos.
E a recuperação da credibilidade só virá com a reconciliação dos brasileiros com a própria história, com o resgate dos valores éticos, com o combate intransigente da corrupção, com o respeito às liberdades e às instituições republicanas. O povo brasileiro cobra um Estado eficiente, justo na defesa da cidadania, e principal instrumento de transformação da realidade e do desenvolvimento da Nação.
É preciso reconectar o Brasil ao mundo desenvolvido. A credibilidade, a confiança e a transparência com a coisa pública são indispensáveis para a retomada dos investimentos e o desenvolvimento do país. Para tanto, o primeiro de todos os compromissos do PSDB é com a educação como direto de cidadania e voltada para o futuro, para este novo mundo globalizado e altamente competitivo. “Não superaremos a pobreza, as desigualdades e a falta de oportunidades com escolas esquecidas. A educação que hoje oferecemos não está efetivamente comprometida com os desafios do mundo contemporâneo“, diz o documento.
Tendo como obrigação primeira a erradicação do analfabetismo, inclusive o funcional, propomos a implantação de uma Lei de Responsabilidade Educacional, articulada com o PNE (Plano Nacional de Educação) e que contemple a remuneração de professores vinculada a metas de qualidade, para que possamos dar um grande salto qualitativo no alcance do conhecimento, da tecnologia mais avançados e na remuneração de professores vinculada à meta de qualidade. Só com educação de qualidade venceremos, de verdade, a pobreza.
Outro ponto fundamental abordado no documento do PSDB é a segurança, questão que se tornou calamidade pública e é uma responsabilidade nacional. O país clama por uma política nacional de segurança pública, com todas as forças envolvidas e lideradas pelo governo federal, alinhadas no combate às drogas, que entram pelas nossas fronteiras, e à criminalidade.
Mas, a despeito dos programas criados mais para efeito de propaganda do que para resolver, de fato, os problemas, como o Mais Médicos, a Saúde é a área mais desaprovada pela população. E esse resultado é compreensível: basta observarmos o noticiário, que retrata diariamente a dificuldade no acesso, a insuficiente oferta, a má qualidade dos serviços prestados. Há desperdícios, graves problemas de gerenciamento e desvios de recursos. É necessário o fortalecimento do SUS, a ampliação dos Programas de Saúde da Família, metas de eficiência na gestão do sistema, de efetiva valorização dos profissionais. Não se resolve o problema da Saúde só com propaganda na televisão.
Enfim, o Brasil precisa voltar a crescer, a investir forte na produtividade, na inovação, para que nos tornemos mais competitivos no mercado internacional. Para tanto, é urgente e fundamental resolver os gargalos na infraestrutura, com investimentos em ferrovias, hidrovias, rodovias, portos e aeroportos, retomar as reformas estruturantes, entre elas a tributária, para simplificar e reduzir a carga dos impostos sobre o setor produtivo e sobre o cidadão. Se isso não for feito, o Brasil perderá de vez o bonde da história, já que nestes últimos 11 anos de governos do PT o país não avançou, apesar de todas as oportunidades, que foram perdidas.
É preciso crescer com sustentabilidade, mas sem ideologizações. Fortalecer cada vez mais o pequeno produtor rural, estimulando as cooperativas e o associativismo, assistir os verdadeiramente sem terra, criar condições de o sertanejo conviver e produzir nas estiagens mais prolongadas, ampliar os investimentos em pesquisas agropecuárias e na eliminação dos gargalos logísticos que aumentam o custo Brasil e reduzem a competividade do agronegócio brasileiro. Apesar de todas as dificuldades e entraves para produzir causados pela ineficiência do governo federal, o agronegócio sustenta e dá dinamismo à nossa economia, é o fiel da balança comercial brasileira.
O PSDB entende que, com esse documento, damos um passo ao futuro. O Brasil é hoje uma construção de milhões de pessoas. Propomos um diálogo aberto com todos a partir dessas ideias. É o começo, mas esperamos chegar ao fim dessa caminhada, em outubro, com um conjunto de propostas em forma de um programa que possa oferecer aos brasileiros uma alternativa de mudança, de verdade, para um Brasil melhor. Que virá, a partir de uma grande vitória nas urnas.
*Antonio Imbassahy é deputado federal e futuro líder do PSDB na Câmara