Brasília (DF) – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sinalizou ao Planalto que, se os três deputados petistas que integram o Conselho de Ética da Casa votarem pela abertura do processo contra ele por quebra de decoro, vai retaliar e deflagrar processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo desta terça-feira (1º).
De acordo com a reportagem, a ameaça do presidente da Câmara foi feita ontem (30), em almoço com vice-presidente Michel Temer. Cunha afirmou que iria esperar o comportamento dos três deputados para só então decidir o que fará com os pedidos de impeachment.
O Conselho de Ética se reúne hoje para decidir se instaura ou não o processo contra o peemedebista. Os petistas Zé Geraldo (PA), Valmir Prascidelli (SP) e Léo de Brito (AC) diziam até semana passada que votariam pela continuidade do processo contra o presidente da Câmara. No entanto, o grupo afirmou que fará uma nova reunião hoje antes da sessão para avaliar o melhor posicionamento.
Segundo interlocutores de Cunha, o presidente já teria informado que, se os petistas atenderem ao seu pedido, ele irá segurar o impeachment. “Está nas mãos deles. Tudo depende do comportamento do PT”, teria dito Cunha.
Bombas
“O Cunha tem nas mãos algumas bombas, entre elas o impeachment (da presidente Dilma Rousseff). Nós, por outro lado, temos 20 dias para votar matérias importantes para o governo. Dependendo do que acontecer no Conselho de Ética, pode haver reação. O Cunha já mostrou que não dá para confiar nele”, explicou Zé Geraldo.
Para o deputado, após a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), o momento é “bastante delicado”. Há duas semanas, o deputado tinha dito que “votaria com o relator”. Apesar de afirmar que seu voto ainda não está definido, o petista admitiu estar disposto a sacrificar seu discurso para tentar salvar a presidente de um processo de impeachment e o governo de uma retaliação a partir da reprovação de projetos importantes.
“A minha avaliação é que, se ele (Cunha) for emparedado, solta o impeachment e aí é o pior dos mundos”, afirmou o deputado.