Brasília (DF) – A combinação entre juros altos, real desvalorizado e a demanda fraca derrubou o resultado das empresas de capital aberto no terceiro trimestre deste ano. O lucro líquido das empresas caiu 81% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2014, passando de R$ 12,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões. Os dados são do levantamento feito pela companhia de informações financeiras Economática, com com 218 empresas negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa).
De acordo com a reportagem desta terça-feira (17) do jornal O Estado de S. Paulo, o balanço foi feito sem contar com a Petrobras, Vale e Eletrobras, pois os resultados distorcem os números gerais do estudo. Quando incluídas no levantamento, o resultado é ainda mais desastroso: o lucro líquido de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre do ano passado vira um prejuízo de R$ 12 bilhões neste ano.
Na avaliação do deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), a culpa é do governo federal, que, segundo ele, é “inerte” e erra por todos os lados. “A alta do dólar provoca um prejuízo muito grande às empresas siderúrgicas brasileiras, a empresa da aviação brasileira e todos que têm serviços e insumos contratados em dólar. Por um lado há esse drama. Por outro lado, não se aproveita uma oportunidade que é de, por exemplo, fomentar o turismo. O governo, no entanto, é inerte e não enxerga isso, então erra por todos os lados”, lamentou.
O jornal destacou que o fator que mais contaminou o resultado trimestral deste ano foi a despesa financeira, que cresceu 151%, de R$ 26 bilhões para R$ 65 bilhões. Nesta conta, estão contabilizados os juros sobre a dívida e a variação cambial, com a cotação do dólar saindo de R$ 2,45 em setembro de 2014 para R$ 3,97 em setembro de 2015. Com isso, a dívida bruta das 218 empresas de capital aberto subiu de R$ 549 bilhões para R$ 716 bilhões – alta de 30%. Se consideradas Vale, Petrobras e Eletrobras, a dívida passa de R$ 991 bilhões para R$ 1,4 trilhão, crescimento de 40%.
Incompetência
O tucano citou ainda a preocupação com o desemprego, a queda do ritmo econômico e o Produto Interno Bruto (PIB) negativo. “Tudo isso compõe um conjunto de circunstâncias quase explosivas, e que vai afetar demais a qualidade de vida das pessoas. É a consequência direta da incompetência deste governo que cometeu um estelionato eleitoral prometendo um paraíso que não se vislumbrava na prática. Estamos no purgatório, quase no inferno”, completou.