Brasília (DF) – Mal foi apurada a denúncia de que a construtora OAS teria se encarregado da obra de um tríplex no Guarujá para a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, surge outra suspeita: a de que a empreiteira Odebrecht teria realizado a maior parte das obras de reforma de um sítio frequentado pelo petista e seus familiares em Atibaia (SP). A reforma foi iniciada em outubro de 2010, no fim do segundo mandato de Lula.
As informações são de reportagem publicada nesta sexta-feira (29/01) pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo Patrícia Fabiana Melo Nunes, ex-dona de uma loja que forneceu materiais de construção para a obra, a empreiteira gastou cerca de R$ 500 mil só em materiais para a reforma. “A gente diluía esse valor total em notas para várias empresas, mas para mim todas elas eram Odebrecht”, afirmou ao jornal.
O deputado federal Delegado Waldir (PSDB-GO) destacou a gravidade das acusações: “Além das denúncias que nós já tínhamos no seio da Lava Jato em relação à participação de doações ilegais para o PT, através do Vaccari, nós vemos agora um forte comprometimento do ex-presidente Lula, tanto em relação ao apartamento no Guarujá como em relação a esse sítio”.
O parlamentar avaliou que as denúncias são sérias e devem ser devidamente esclarecidas. “São depoimentos fortíssimos que mostram o relacionamento claro e evidente do ex-presidente Lula em um favorecimento pessoal. É um momento muito grave em nosso país, e esperamos que a Justiça dê uma resposta clara. O Ministério Público está muito empenhado na apuração desses fatos, junto com a Polícia Federal. Estão agindo com isenção. Só acho estranha essa tentativa, esse rompante do ex-presidente, dizendo que estão querendo criminalizá-lo”, ressaltou.
O sítio de 173 mil m², o equivalente a 24 campos de futebol, está dividido em duas partes. Uma delas registrada em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar, amigo de Lula e um dos fundadores do PT. A outra pertence ao empresário Jonas Suassuna, sócio de Fábio Luís da Silva, filho do ex-presidente.
Vale lembrar que a Odebrecht é acusada pela Lava Jato de envolvimento em desvios na Petrobras que somam R$ 6 bilhões. O ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, está preso há sete meses.
Enquanto a Odebrecht declarou que, após apuração preliminar, não conseguiu identificar a relação da empresa com as obras do sítio, o ex-presidente Lula se negou a comentar o caso.
As palestras de Lula
O ex-presidente Lula também é investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal por suspeita de tráfico de influência praticado por ele junto a outros países, principalmente da África e da América Latina, para conseguir contratos para a Odebrecht. O petista teria tido suas despesas pagas por empreiteiras para viajar a esses países e realizar palestras.
“Essa é outra questão muito grave e que deve ser revista, pois acho que vão aparecer, sem dúvida nenhuma, traços de lavagem de dinheiro e favorecimento”, apontou o deputado Waldir.
“Qualquer cidadão do país quer aprender ou quer saber se é necessário ser presidente da República para ganhar tanto dinheiro em palestra. Nenhum palestrante no mundo ganha tanto em palestras quanto o ex-presidente. São fatos sérios, graves e que, sem dúvida, escancararam a participação do PT e do presidente Lula em casos de favorecimento pessoal, particular, lavagem de dinheiro e outros crimes já mencionados na Lava Jato”, completou o tucano.