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Aumento do desemprego faz previdência urbana apresentar déficit pela primeira vez desde 2010

moedas_0Pela primeira vez em cinco anos, a previdência dos trabalhadores da área urbana terminou os dez primeiros meses deficitária, com rombo de R$ 1,265 bilhão. Se somado com o saldo negativo de R$ 72,796 bilhões nas contas de previdência rural – cujas regras de concessão são diferentes -, o acumulado de 2015 da previdência alcança a impressionante marca de déficit de R$ 74,062 bilhões. Os dados, do Tesouro Nacional, foram publicados em matéria do jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (7/12).

O aumento do desemprego e a queda de receita do brasileiro, consequência direta do maior número de pessoas desocupadas, são os maiores responsáveis por este quadro sombrio. Especialmente em relação a previdência urbana, em que o desempenho está estritamente relacionado a atividade econômica, quanto mais numerosas as demissões, menor o faturamento das empresas e as contribuições previdenciárias.

O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialista em previdência Marcelo Abi-Ramia Caetano explica que a base da arrecadação é a folha salarial. “Em período de recessão, há perda de emprego e salário. É natural que, com essa recessão, a previdência venha, por uma questão de ciclo econômico, perder muita receita e ficar deficitária”, esclareceu.

Para 2016, com a expectativa de nova retração no Produto Interno Bruto (PIB), além da continuidade da alta do desemprego e da deterioração dos empregos oferecidos, a tendência é de que os números ruins da previdência urbana continuem. Ouvido pela reportagem, o professor de economia da USP Luis Eduardo Afonso defende que isto acontecerá, principalmente, por conta da regra de reajuste do salário mínimo, que leva em conta o PIB de dois anos atrás e a inflação do ano anterior. “A deterioração do mercado de trabalho afetou trabalhadores assalariados de setores como comércio, indústria e serviços”, explicitou.

A previdência deve fechar o ano com rombo de R$ 86,389 bilhões, valor 52,36% maior que o verificado em 2014. Preocupado com o cenário desolador, o governo tenta fazer uma nova reforma previdenciária. Entretanto, a ideia de levar uma proposta ao Congresso ainda em 2015 ficou prejudicada após os acontecimentos políticos das últimas semanas.

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