O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) descumpriu a promessa de conceder empréstimos de longo prazo a três das cinco empresas que venceram contratos de concessão de rodovias leiloadas no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. De acordo com matéria do Valor Econômico publicada nesta quinta-feira (7), o banco havia prometido dar uma palavra final sobre os pedidos de financiamento até o final do ano passado. O fato foi definido pelo deputado federal Miguel Haddad (PSDB-SP), primeiro vice-presidente da CPI do BNDES, como “mais uma amostra da falta de seriedade do governo”.
“A política adotada pelo BNDES nesses últimos anos no governo do PT é absolutamente equivocada. Não há critérios claros, as regras mudam a cada 24 horas, aquilo que é definido não é cumprido”, afirmou o parlamentar. “Isso compromete o caixa das empresas privadas e traz um grande desestímulo para a participação em concorrências, em obras públicas”, acrescentou.
Ainda segundo a reportagem do Valor, as concessionárias controladas por Odebrecht Transport, Invepar e Triunfo, que venceram seus leilões em 2013, já começam a usar recursos próprios para não prejudicar os trabalhos já iniciados nas rodovias. O cenário pessimista previsto para a economia é sinal de que o quadro pode perdurar neste ano, na visão do deputado tucano. “Será um ano muito difícil. A economia dá sinais claros de enfraquecimento, com inflação alta, desemprego, PIB cada vez menor, e não há nenhuma garantia de que o governo vá cumprir qualquer meta ou ação definida junto com a iniciativa privada”, destacou.
Além do problema do pagamento às três empresas, Miguel Haddad ressaltou a falta de clareza na escolha das instituições beneficiadas com empréstimos do BNDES. O deputado citou o empréstimo de R$ 101,5 milhões feito pela autarquia ao pecuarista investigado na Operação Lava Jato José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O aporte foi feito em julho de 2012, quando a empresa de Bumlai já havia tido sua falência solicitada na Justiça. “Nós sentimos que o critério para aprovação é o da indicação, existe um tráfico de influência muito grande dentro do BNDES”, resumiu o deputado.