Estamos entrando em uma época de muitas incertezas em nosso país, que vão desde a solidez da nossa economia e o que tudo isso simboliza em termos de fortificar ou fragilizar (saúde, educação, segurança, emprego, renda…), a séria crise de moralidade na nossa política. Ainda que possam ser imprevisíveis os rumos que teremos, uma coisa é unanimidade: o importante teste de amadurecimento da nossa sociedade enquanto politizada.
Estamos a vinte e sete anos da redemocratização do nosso país, temos uma das Cartas Magnas mais jovens do mundo, mas sua juventude nada deixa a desejar, possui um conjunto de leis robustas, complexas e, em muitos casos, vanguardistas. Nossa Constituição, bem como o conjunto do nosso ordenamento jurídico, é por vezes, emprestada e tomada como modelo para outros países. E é exatamente por isso, acreditando na eficiência das nossas leis, somado ao despertar da nossa sociedade, que vejo de uma forma muito mais realista, que otimista, que nós brasileiros cumpriremos nosso papel, que agora ultrapassa nossa simples obrigação de votar e perpassa como um verdadeiro estado de necessidade, a nossa capacidade, em alinhamento com as leis, para a moralização da nossa política.
Hoje vivemos em um momento pós-eleição que, para além de um vitorioso nas urnas, restou-nos um país dividido em opiniões. As seqüelas do vale tudo eleitoral ainda serão contadas nos livros de história. A desconstrução das figuras políticas nessas últimas eleições, serviu muito mais que determinar um “tipo de vitória” nas urnas; contribuiu para um rompimento muito profundo da credibilidade entre o cidadão comum e os políticos em nosso país. É visível a descrença e a angústia da sociedade ao creditar em alguém com soluções para dias melhores.
Hoje temos uma Presidente da República em um isolamento fatídico, sem governabilidade, pertencente a um partido desmoralizado, que é o Partido dos Trabalhadores (PT), com os maiores líderes julgados e condenados pela mais alta corte do país (o Supremo Tribunal Federal) e, ainda assim, tratados como heróis. O nosso Poder Legislativo é comandado por figuras com um histórico deplorável, investigados e denunciados pelo Ministério Público e mantêm-se em seus cargos para manobrar afim de tentarem escapar dos julgamentos e condenações; é o caso do Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e do Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Concomitante a tudo isso, temos alguns partidos políticos a se aproveitarem da fragilidade do todo, para emplacarem seus quadros no festival da mamata do governo federal, em um verdadeiro quem-dá-mais entre os cargos dos chamados segundo e terceiro escalões do poder, e as suntuosas emendas parlamentares que a tudo parece comprar e a toda voz parece calar.
Para nossa sorte, nem todos os partidos são assim, e a oposição se engrandece e busca ocupar seu lugar e ter parte na moralização e no resgate da credibilidade da nossa política. Muito do que a sociedade tem notícia é por causa dessa mesma oposição que atua incessantemente na fiscalização dos desmandos do governo federal. Sem esquecer do importante papel investigativo desempenhado por parte da imprensa brasileira.
Hoje no Brasil o que muito se fala é da tão sonhada reforma política, que tramitando de forma pífia no Congresso Nacional, anuncia pouco ou nada mudar ao seu término. Entre as discussões mais plausíveis temos a situação atual dos partidos, um verdadeiro negócio lucrativo nas mãos de maus políticos, virando um comércio de tempo de televisão em horário eleitoral e legenda de cabide para as forças retrógradas que insistem em permanecer no poder. É necessário o regate das ideologias partidárias e mais que verbalizar, é necessário praticá-las. Hoje vivemos isso de forma muito sólida no PSDB, não só a nível nacional como estadual.
Hoje o PSDB, que tem sob sua responsabilidade ser o maior partido de oposição no Brasil, é composto por verdadeiros Sociais Democratas que estão longe das benesses do poder e mais próximos das necessidades da nossa sociedade, focados em buscar soluções para as mazelas sociais que nos afligem. O PSDB tem procurado compor seus quadros com gente nova, para renovar a política, e que traga consigo garra, propostas, mais que isso, que traga consigo ideais.
Vivemos em um país cheio de esperanças, ainda que ausente de heróis. Os nossos heróis já não figuram na seleção brasileira de futebol, nem nas curvas dos domingos na F-1. Incrivelmente estamos encontrando nossos heróis nas pessoas comuns, gente como a gente, que acorda todas as manhãs na luta entre estudos e trabalhos para sobreviver em meio às incertezas, mas de forma firme seguem construindo, a seu modo, vislumbre de dias melhores.
Os nossos heróis estão nos juízes (Moro) espalhados pelo país, que cumprem diariamente tão somente seu papel, com foco e lisura, nada além. Os nossos heróis estão nos Lucas Yure Bezerra, que com dezesseis anos encontra uma carteira perdida no lixo, com mil e seiscentos reais, e incansavelmente procura o dono para devolvê-la, enquanto sua mãe procura emprego, mesmo assim, apesar da pouca idade e da adversidade, não desvia do que é o certo, não desvia da honestidade.
Os nossos heróis são cada um de nós brasileiros, que não pensa em se mudar do Brasil, mas sim, mudar o Brasil para melhor.
Mateus Montenegro
Presidente da Juventude do PSDB/Ceará