O tradicional prato feito (PF) de arroz, feijão, carne, batata e salada em casa já está custando 20% mais caro. A alta média desses produtos foi quase o dobro da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de 12 meses, que fechou em 10,74% neste mês de janeiro. No mesmo período do ano passado, a variação foi de cerca de 10% em relação a 2013.
Especialistas ouvidos pelo jornal Correio Braziliense apontam que os preços podem subir ainda mais, além dos produtos faltarem. Com excesso de chuvas, principalmente no Sul do país, o Rio Grande do Sul – que detém 70% da produção nacional de arroz – registrou perdas e atraso no plantio e obrigará o país a praticamente dobrar a importação do produto. O mesmo aconteceu no Paraná, que responde por cerca de 24% do feijão produzido no Brasil – no caso do feijão-carioquinha, em que não há a possibilidade de importação, o Instituto Brasileiro do Feijão prevê desabastecimento entre 20 de fevereiro e 20 de abril, quando entra no mercado a segunda safra. Já Minas Gerais, que produz 30% do total de batatas, sofreu com uma intensa seca.
De acordo com matéria publicada no Correio desta quarta-feira (27), não é só o clima que determina o aumento nos preços de alimentos. Outro fator é a valorização recorde do dólar, que elevou em 25% os custos de produção do arroz na safra 2015/2016 em relação à colheita anterior – a maior alta desde a implementação do Plano Real. Os preços de itens cotados na moeda americana, como agroquímicos e fertilizantes, subiram 19% e 44%, respectivamente.
Segundo o jornal, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acredita que os fatores climáticos tendem a manter pressionados os preços de hortaliças e frutas no atacado durante o primeiro trimestre deste ano. Com menos produtos em oferta, as Ceasas da região Sudeste comercializaram pouco mais de 250 mil toneladas de hortaliças, em dezembro – o pior resultado mensal em pelo menos três anos. O mesmo ocorreu no Centro-Oeste. O tomate, por exemplo, foi vendido a R$ 4,15 no Ceasa de Goiânia – um aumento de 55,28% em relação a novembro.