O comércio entre os países da América Latina caiu 21% em 2015. O dado foi apresentado pela secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Barcena, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A presidente Dilma Rousseff era presença aguardada no fórum, iniciado nesta quarta-feira (20), já que parte dos 2,5 mil empresários esperava ouvir da petista o que ela pretende fazer para restabelecer a confiança no governo petista. No entanto, a presidente acabou cancelando sua viagem.
No painel sobre transformações na região, a secretária informou que a evasão fiscal chega a US$ 320 bilhões anuais nos países latino-americanos e o dinheiro enviado ilegalmente ao exterior soma US$ 150 bilhões por ano. De acordo com matéria do jornal O Estado de S.Paulo desta quinta-feira (21), o estudo com esses dados e informações detalhadas por país ainda será publicado pela organização.
Em informe publicado na última quinta (14) sobre os maiores riscos globais para o ano, o fórum apontou para a crise política brasileira e para a corrupção. O fracasso da governabilidade da presidente Dilma foi considerado o maior obstáculo para se fazer negócios no Brasil em 2016, segundo o alerta do Fórum Econômico Mundial.
A reportagem do jornal O Estado de S.Paulo afirma que, em uma pesquisa realizada com 13 mil empresários, 60% deles indicaram o “fracasso da governabilidade” como o maior risco para se fazer negócios no país hoje. O índice supera aqueles que consideram a falta de água ou de infraestrutura como os maiores problemas. A comparação com a avaliação para outros países comprova o problema criado pelo governo Dilma.
Derrocada
Segundo Alicia Barcena, enquanto o comércio exterior latino-americano diminuiu 14%, as trocas intrarregionais encolheram 21% no ano passado. Além disso, os países mais fechados da América Latina permanecem sendo os do Mercosul e sua negociação com a União Europeia, considerada a mais ambiciosa, continua emperrada.
Somado à pequena integração, o jornal afirma que os países da América Latina, com exceção do México, são muito dependentes da exportação de commodities e foram afetados pela queda dos preços, determinada em grande parte pela desaceleração da economia chinesa. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu no ano passado 6,9%, índice mais baixo em mais de 20 anos.
O baixo crescimento da segunda maior potência econômica do mundo e principal importadora das commodities latino-americanas apontou a urgência de mudança do padrão comercial da região. Segundo o Estadão, a dependência excessiva brasileira de exportações de produtos básicos e, portanto, da demanda chinesa, resulta de uma decisão política em 2003, quando o presidente Lula decidiu priorizar à integração comercial com países emergentes, enquanto os governos de vários outros emergentes, incluída a China, davam atenção preferencial aos mercados mais desenvolvidos.