Os raros setores que conseguiram resistir à crise econômica parecem não ter mais forças para passar mais um ano sem reduzir investimentos. O último a prever contração foi a aviação civil, que estima, para 2016, um corte de 7% de passagens nacionais, considerando-se as quatro maiores empresas do país. É a maior redução de oferta desde 2003, segundo informações de matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta sexta-feira (29).
Ouvido pela reportagem do Estadão, o presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, argumentou que o quadro já era complicado em 2015, quando o setor conseguiu manter a oferta estável, mas o agravamento da recessão tornou inevitável a quantidade de voos no país em 2016.
“O tráfego do passageiro corporativo caiu desde o início de 2015. As empresas aéreas fizeram promoções ao longo do ano para substituir esse cliente por aqueles que viajam a lazer. Mas, no segundo semestre, a confiança desse consumidor caiu e ele também cortou viagens. A manutenção da malha de voos se tornou insustentável”, destacou.
Juntas, as quatro maiores empresas do setor no país – TAM, Avianca, Azul e Gol – devem ter, em 2015, o maior prejuízo de sua história. Até setembro, elas perderam R$ 3,7 bilhões. Quando os dados do último trimestre forem disponibilizados, o déficit deve se revelar ainda maior. No ano passado, a aviação enfrentou um complicado cenário de queda média de 20% no preço da passagem – em razão da menor demanda -, ao mesmo tempo em que os custos das empresas aumentaram por conta da disparada do dólar.
Para se adequar ao quadro difícil que se apresenta em 2016, as três maiores companhias aéreas anunciaram também a redução de suas frotas. A Latam, que reúne as marcas TAM e LAN, vai devolver 20 aviões, enquanto a Gol vai alugar parte da frota para empresas europeias e a Azul vai ceder 17 aviões para a portuguesa TAP, que pertence ao mesmo grupo. A previsão da Abear é que o setor só retome o crescimento no segundo semestre de 2017.