Brasília (DF) – Fatores domésticos, que incluem a instabilidade política e os efeitos do escândalo de corrupção na Petrobras, são os principais causadores da profundidade da crise instalada no país. A avaliação, que desmente teorias de líderes do PT de que o Brasil é vítima de problemas do exterior, é do diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, e foi divulgada na quarta-feira (27) em uma apresentação na Americas Society/Council of the Americas, em Nova York.
“O Brasil está sofrendo por fatores externos, mas obviamente a profundidade da crise reflete condições domésticas”, disse Werner. O diretor do FMI ressaltou que indicadores da economia brasileira, como os números fiscais e a inflação, já vinham mostrando deterioração, mas a partir do segundo trimestre de 2015, os fatores políticos e a Operação Lava Jato amplificaram a crise.
O deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) atribui o “lamentável” cenário brasileiro à inaptidão gerencial do governo da presidente Dilma Rousseff. “É claro que as crises externas afetam o mundo como um todo, mas não o Brasil em especial. Vários países da América Latina continuam crescendo apesar da crise. Mas nós não, porque não fizemos o dever de casa. Faltou capacidade de gestão, planejamento e a habilidade necessária para conduzir um país do tamanho e complexidade do Brasil”, avaliou.
De acordo com o diretor, uma das evidências que comprovam que fatores externos não explicam a crise brasileira é que outros países da América Latina, também dependentes de exportações de commodities, como Peru e Colômbia, estão conseguindo passar por este momento com Produto Interno Bruto (PIB) em crescimento e sem deterioração de vários indicadores econômicos.
Rogério Marinho também destacou o aparelhamento do Estado e a corrupção como “fundamentais” para a avaliação do FMI. “O órgão está completamente certo em sua análise. O Brasil vive o pior dos cenários. Estamos pagando o preço da incompetência administrativa deste governo aliado à corrupção. Temos um país aparelhado e submerso na adulteração. O PT não tem nenhuma responsabilidade com a economia e o resultado é extremamente preocupante”, afirmou.
‘Estarrecida’
O deputado mencionou ainda a declaração dada na última sexta (22) pela presidente Dilma sobre o último relatório do FMI, que apontou agravamento na perspectiva de queda da economia brasileira em 2016. Conforme destacou a Folha de S. Paulo, a petista disse estar “estarrecida” com a avaliação do órgão, que citou a instabilidade política como uma das principais causas para a crise econômica.
Para o parlamentar, a afirmação demonstra a incompetência da presidente em entender a deterioração que, segundo ele, está ocorrendo “a olhos nus” no Brasil. “Com esta frase, fica claro que Dilma vive em um mundo à parte, completamente diferente do da família brasileira. Deve ser o país das maravilhas. Ela não tem a percepção da realidade assustadora que vivemos. É incompetente e desprovida de qualquer capacidade gerencial, algo muito perigoso para os brasileiros”, criticou.