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Dilma garantiu empréstimo de US$ 320 milhões do BNDES para Andrade Gutierrez em Moçambique

capa imprensa-2STU5466Reportagem publicada pela revista Época nesta sexta-feira (8) revela que o governo da presidente Dilma Rousseff ignorou algumas regras para garantir que o BNDES concedesse empréstimo à empreiteira Andrade Gutierrez, para que a empresa executasse obras em Moçambique.

Durante um encontro de países subdesenvolvidos na África do Sul ocorrido em 2013, Dilma e o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, se reuniram para negociar um empréstimo de US$ 320 milhões do BNDES para financiar obras no país africano, revela o texto.

No entanto, para receber o dinheiro do banco estatal brasileiro destinado à construção da barragem de Moamba Major, em Moçambique, o país africano deveria topar abrir uma conta bancária numa economia com baixo risco de calote.

Guebuza, porém, recusava-se a aceitar essa condição, segundo a reportagem. O ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, sugeriu  a abertura de uma conta no país africano para o recebimento da quantia. Essa mensagem foi acompanhada de um recado claro da Embaixada do Brasil em Maputo, capital de Moçambique: caso os recursos do BNDES não fossem liberados, dificilmente a construtora Andrade Gutierrez seria escolhida para construir a barragem.

Durante a 97ª reunião do Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão presidido naquele momento pelo petista Fernando Pimentel, fiel escudeiro de Dilma e, atualmente, governador de Minas Gerais, foi discutido o pedido de Moçambique de dispensa da exigência da garantia da conta no exterior para a liberação do empréstimo do BNDES. Pimentel votou pela flexibilização das garantias, abrindo uma clara exceção para Moçambique. A decisão foi acatada pelas autoridades competentes e o empréstimo para o país africano foi destravado.

Em 16 de julho de 2014 já durante a campanha para a eleição presidencial, foi assinado um contrato entre o banco, o país africano e a Andrade Gutierrez. O acordo, selado pelo ministro das Finanças moçambicano, prevê uma linha de crédito de até US$ 320 milhões. A quantia foi endereçada a um consórcio formado pelas empreiteiras Zagope Construções e Engenharia, controlada pela Andrade Gutierrez, e Fidens Engenharia, responsáveis pelo projeto de construção da barragem no país africano. A Zagope é uma empresa conhecida pelos procuradores que investigam corrupção no Brasil.

Segundo investigações do Ministério Público Federal (MPF) contra executivos da Andrade Gutierrez, a Zagope usou uma de suas subsidiárias como veículo de pagamento de propina. O dinheiro saía da conta da Zagope Angola para uma empresa sediada no Panamá, administrada pelo operador Mario Goés , que, segundo o MPF, repassava dinheiro ilegal para Pedro Barusco e Renato Duque, respectivamente ex-gerente e ex-diretor da Petrobras.

No mês seguinte à assinatura do contrato com o BNDES, Edinho Silva, então tesoureiro da campanha presidencial à reeleição de Dilma, visitou Otávio Marques de Azevedo no escritório da Andrade Gutierrez, em São Paulo. Depois desse encontro a empreiteira realizou uma transferência no valor de R$ 10 milhões para a campanha de Dilma. Entre as empreiteiras brasileiras, a Andrade foi a principal financiadora da reeleição de Dilma, desembolsando quase o triplo do total repassado pela UTC.

Edinho recebeu a quantia. Ele é investigado na Lava Jato em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre doações de campanha em 2014. No fim do ano passado, executivos da Andrade, entre eles Azevedo, presos em Curitiba, fecharam um acordo de delação premiada, em que deverão revelar, entre outras coisas, o esquema de corrupção por trás dos financiamentos de campanhas eleitorais.

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