PSDB – CE

“Dilma na hora da verdade”, por Alberto Goldman

alberto-goldman-foto-divulgacaoEm 2002 Lula venceu a eleição presidencial sem qualquer contestação do PSDB.  O povo queria renovação, não continuidade.  O comando do país passou às mãos do PT e o PSDB se tornou oposição.

Ainda assim, prevaleceu entre nós a disposição de ajudar o novo governo, em função do interesse maior do País, mesmo tendo sido o PT, oposição no período anterior, um permanente obstáculo às necessárias reformas estruturais que foram, a duras penas, aprovadas no Congresso Nacional.

Essa boa vontade deixou de existir em 2005 quando veio à tona a CPI dos Correios, que passou a se chamar CPI do Mensalão, na qual se caracterizou uma operação de compra de lealdade dos partidos da base governista com o uso de recursos públicos.  O resultado é conhecido.

Nas eleições de 2006 e 2010 a oposição foi, novamente, derrotada.   No início do governo Dilma Rousseff ela se mostrava abatida, não só pelos índices de aprovação da presidente, como também pela sua estrutura partidária muito pouco combativa e pelas suas bancadas parlamentares pouco expressivas.   Porém, a crise econômica por que passa o país e a cada vez maior consciência de que o Estado brasileiro, além de mal administrado, estava sendo saqueado pelo PT e por seus aliados, mobilizaram  movimentos populares espontâneos e isso  mudou o clima político e as próprias perspectivas eleitorais.

Em 2014 o PT para vencer teve de usar, como nunca, a mentira e o terrorismo para manter a seu favor as camadas mais pobres da população.  Dilma venceu, nos municípios de menos de 50 mil habitantes (perdeu nos municípios de mais de 100 mil habitantes), por uma diferença de 5,4 milhões de votos, em especial no Nordeste brasileiro, o que lhe possibilitou, no cômputo geral, a diferença de 3,5 milhões de votos para superar Aécio Neves.

Essa maioria numérica na forma e nas áreas em que foi obtida, não dá a Dilma as condições necessárias para enfrentar os desafios que ela tem pela frente. E não terá a condescendência da oposição, nem mesmo o apoio irrestrito de seu partido ou de seus aliados, abalados com as grandes perdas que sofreram.

Os fatos, dias após a festa da vitória, começam a se suceder.   Todas (sem exagero, todas) as acusações sobre as maldades que a oposição faria se vencesse passaram a ser praticadas por ela.  A mídia, dia após dia, noticia as medidas que a presidente está tomando.  Deixa-a muito mal entre a parcela da opinião pública que ainda tinha nela alguma esperança de seriedade e franqueza.

Dilma já começou a ser abandonada por seus aliados e, inclusive, por seu partido. Os aliados deram o primeiro sinal, rejeitando a sua decisão de criar os mal explicados conselhos populares.  E o seu partido começa a mostrar que a derrota provocou fissuras e descontentamentos difíceis de superar.

O cúmulo do absurdo são as declarações de seus ministros: Gilberto Carvalho, nada mais nada menos que o Secretário Geral da Presidência, afirma que Dilma não dialogou com as forças políticas e econômicas da sociedade e se afastou dos movimentos sociais; Marta Suplicy se demite com carta em que critica, abertamente, a política econômica do governo e afirma que Dilma perdeu a credibilidade.  Se isso se dá entre os seus próprios ministros, imagine-se o que falam ou pensam outros militantes. O respeito foi pro brejo.

Por cima de tudo isso um enorme escândalo – a Petrobrás – que vai se desdobrar por muito tempo com muitas revelações bombásticas que vão afetar profundamente a presidente e o seu antecessor, bem como os seus governos, tudo isso no meio de uma crise econômica muito séria que, além da inflação, provocou a estagnação da economia.

Todos os ingredientes para uma grande crise política estão presentes.  Lembremos as grandes crises no Brasil com vários presidentes que tiveram um fim bastante triste: Getúlio Vargas que se suicidou, Jânio Quadros que renunciou, João Goulart que foi deposto e Collor de Mello que sofreu o impeachment.

Ninguém sabe, muito menos ela, como se safar dessa.  Tudo pode acontecer e o País deve estar preparado para encontrar uma saída preservando o regime democrático e a integridade das pessoas.

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