A presidente Dilma Rousseff, mesmo em tempos de contenção de gastos, não dispensou o uso do helicóptero para se deslocar entre a Base Aérea de Brasília e o Palácio da Alvorada. Embora tenha proibido viagens em primeira classe para ministros e determinado que eles compartilhem voos para economizar, a presidente não abriu mão da aeronave para percorrer os 21,6 quilômetros entre os dois pontos, que podem ser percorridos de carro em 23 minutos. O percurso feito de helicóptero dura cerca de cinco minutos, conforme informações da matéria publicada hoje (23/11) pelo jornal Estado de São Paulo.
O Planalto não divulga o gasto da operação, alegando questões de “segurança” da presidente da República. Mas, segundo consulta feita pelo Estado às empresas de táxi aéreo, tomando por base a versão civil do helicóptero presidencial – o EC-135, semelhante ao VH-35 -, a hora voada custa de R$ 12 mil a R$ 13 mil. Ou seja, proporcionalmente, cada viagem de cinco minutos feita pela presidente entre o Alvorada e a Base Aérea custaria cerca de R$ 1 mil.
Os militares da Força Aérea Brasileira (FAB) não estão gostando uso frequente do helicóptero por Dilma. Em tempos de economia de despesas o desembolso dos gastos dos voos é feito na conta da FAB, que, a exemplo de todas as demais pastas, sofreu um forte corte de verbas. A queixa é que o uso intenso do helicóptero está consumindo recursos que poderiam ser distribuídos para treinamento dos pilotos nos demais equipamentos da Aeronáutica, e não só nesse modelo.
Desde o anúncio de ajuste fiscal feito em 14 de setembro, a presidente usou o helicóptero 28 vezes para ir ou voltar da base. Como cada trecho custaria em torno de R$ 1 mil, nos últimos dois meses teriam sido gastos R$ 28 mil.
Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, antecessores de Dilma, também usaram os helicópteros da FAB entre o Alvorada e a Base Aérea, mas em menor frequência. Em 2004, um ano depois de deixar o poder, FHC, em entrevista, disse que sentia falta de duas coisas de quando era presidente: “do helicóptero, um instrumento de trabalho extraordinário” e “da piscina do Alvorada”.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Planalto informou que não se manifestaria, já que o assunto envolve a segurança da presidente.