PSDB – CE

“Dilma não preside. É atriz de uma ópera bufa que vem se tornando uma ópera trágica”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB-11Que triste!  Presidente do Brasil, nunca havia sido eleita para um cargo público, nem mesmo havia sido candidata.  Uma mulher de personalidade forte, havia sido militante política que aderiu à luta armada, equivocadamente, como muitos o fizeram.  Tem certamente muitas virtudes, caso contrário não teria chegado onde chegou.  Acreditou poder fazer o papel que o seu chefe e líder, Luís Inácio Lula da Silva, lhe reservara.  Por que, não? Afinal sua formação intelectual era superior à dele.

Não deu. Faltou-lhe consistência política para poder enfrentar e vencer os grandes desafios de uma nova época, uma conjuntura que não esperava encontrar.  Não se deu conta de que o seu antecessor fora vitorioso não só por cavalgar em um quadro mundial favorável, mas também pelos seus dotes indiscutíveis, dentre os quais a percepção de que a continuidade das políticas do governo FHC, o prosseguimento de um período virtuoso, pós impeachment de Collor de Mello, deveria ser consolidado com o aprofundamento das políticas sociais que já tinham se iniciado.

Dilma não se deu conta de que Lula usufruiu de um quadro muito favorável, sem levar adiante reformas essenciais, sem as quais o sucesso do governo não teria muito fôlego.  Achou que tinha recebido uma herança maravilhosa e não percebeu que o modelo estava em fase terminal.  Não inovou, não rompeu com preconceitos, a não ser tardiamente.

Agora o governo Dilma vai chegando ao seu limiar sem ter criado nada de novo, nada consistente.  Pelo contrário apenas aprofundou as deficiências da condução política de seu partido e de seu antecessor.  Todos os seus projetos, desde os PACs até novos avanços sociais não se realizam, ou se realizam de forma insuficiente diante da demanda da sociedade.

Dilma paga um preço pela luta pelo poder dentro de suas alianças políticas e dentro de seu próprio partido.  Não conseguiu fazer a máquina pública, a administração do país, dar passos expressivos em nenhuma área.  A educação básica continua deficiente, a saúde pública não se resolve com programas medíocres como o “mais médicos”, o déficit habitacional para as populações de menor renda não se elimina com um programa que não consegue responder às demandas da população de baixa renda, os índices na segurança pública continuam ruins, sem sinais de melhora, a política econômica, quase em todos os setores, mostra-se deficiente, a infra estrutura do país – transportes, energia, saneamento, mobilidade – são um insucesso absoluto e o respeito aos valores éticos desapareceu de forma gritante.

Cada vez mais a presidente deixa de governar para se tornar candidata, conduzida pelos seus assessores que lhe colocam eventos sem maior significado e discursos sem sentido.   Sem ter o que apresentar vai de cidade em cidade distribuir máquinas e caminhões, ambulatórios e creches, do pouco que conseguiu realizar.   Faz pronunciamentos que só podem ser consequência da falta do que falar, como o recente discurso em que – para se distanciar dos escândalos na maior empresa brasileira, a Petrobrás – acusa a oposição de querer destruí-la quando todos sabem que todas – todas – as denúncias de desvio de dinheiro público nascem no bojo de sua própria base de sustentação e foram tornadas públicas pelas instituições – que ela, presidente, não domina –  do próprio Estado brasileiro.

Dilma já não preside mais nada.  Passou a ser apenas uma personagem, uma atriz, conduzida por produtores de libretos e diretores de cena de uma ópera bufa, que vem se tornando uma verdadeira ópera trágica.  E ainda mais, assombrada pelo fantasma do seu antecessor.

*Alberto Goldman é um dos vice-presidentes do PSDB Nacional

**Artigo publicado no Blog do Goldman – 16-04-2014

Ver mais