A crise atual da economia brasileira gera baixa expectativa das empresas e resulta na queda da atividade econômica. Outro fator que afeta a confiança dos empresários é a retração do PIB, que também atrapalha a economia a girar. Para interromper esse círculo vicioso, o ex-presidente do Banco Central e também economista, Gustavo Loyola, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo publicada hoje (2), diz que é preciso criar um ambiente favorável no país, o que lhe parece improvável diante do tamanho da crise política.
Loyola estima uma queda de quase 4% no PIB deste ano. Para ele, a economia deve encolher mais 3% em 2016 e pode ter uma recuperação cíclica em 2017, com um PIB perto de 1%, sem estímulo de demanda. O economista ressalta que a probabilidade, com o atual governo, é chegarmos até 2018 com a economia andando para trás.
Quando questionado sobre o que mais se destacou no PIB do terceiro trimestre, o economista observa o enfraquecimento do setor de serviços, que vem aumentando trimestre a trimestre. No que se refere a demanda, o economista diz que o que vinha dando um tom de crescimento ao PIB depois de 2004 era o consumo das famílias, que também está negativo.
Ele acredita que a recessão é generalizada e até a agropecuária, que vinha dando resultados positivos, neste trimestre teve queda. Sobre as expectativas para o quarto trimestre, Loyola afirma que é possível uma queda menor, de 1,3%. Isso já traria o PIB anual para perto de -3,8%, quase 4% negativos. Em 2016, segundo o economista, teríamos uma queda em torno de 3%, ou acima disso um pouco.
A recuperação para esse panorama será muito lenta. A estimativa é de um crescimento muito baixo, em torno de 1%, para 2017. O economista acredita que será recuperação tipicamente cíclica, sem muita atração. Será uma recuperação baseada em fatores cíclicos, como a capacidade ociosa que cresceu no período de recessão. Não é baseada em uma fonte de crescimento de demanda.
Na entrevista, Loyola destaca que a reversão deste quadro só acontecerá com a retomada da confiança. Para ele, uma solução seria criar a expectativa de um novo governo que poderia chegar e, quem sabe, conseguir apoio do Congresso, fazer um novo tipo de administração e, de certa forma, conseguir gerar uma onda de otimismo. Para que isso ocorra é preciso começar a gerar notícias positivas.
“O governo está muito fraco. De um governo que vinha fazendo a coisa errada passou para um governo que na economia tenta fazer ajustes e que não consegue ter credibilidade para isso, ter efetividade em termos de ação legislativa. A presidente também está sem credibilidade para passar para a sociedade essa ideia de que as coisas vão melhorar”, acrescenta.
Loyola diz existir um buraco entre o governo e a sociedade. “Os empresários não sabem como vai estar a economia em um mês. O consumidor não sabe se gasta, se junta, se vai estar empregado amanhã”, afirma.