Brasília (DF) – O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu viajou 113 vezes em jatinhos do delator da Operação Lava-Jato Julio Camargo entre 2010 e 2011. A defesa do lobista entregou, na segunda-feira (25), uma planilha onde estão registrados os voos, que segundo Camargo foram usados para quitar uma dívida de R$ 1 milhão em propina a Dirceu. No total, foram percorridos 105 mil quilômetros, o equivalente a duas voltas e meia ao mundo.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo desta terça (26), Camargo já havia relatado que bancou voos de Dirceu. Segundo ele, os custos desses voos eram abatidos de um saldo que o ex-ministro teria a receber referente à Petrobras.
Na última sexta (22), o lobista reiterou, em depoimento, que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque havia pedido pagamento de R$ 4 milhões a Dirceu. Parte desse pagamento foi feita em dinheiro vivo e outra parte que sobrou, de R$ 1 milhão, em horas de voo.
O ex-ministro vai prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro na próxima sexta (29). A defesa de Dirceu admite o uso das aeronaves, mas aponta erros na planilha de voos. De acordo com Camargo, as somas encaminhadas ao ex-ministro chegaram a R$ 4 milhões.
“[Esse] saldo de R$ 1 milhão entrou em uma conta de afretamento de aviões que o ministro usava, dois aviões que eram de minha propriedade. Isso representava um débito e esses débitos eram compensados nessa conta de R$ 1 milhão que ficou restante”, declarou o lobista.