Brasília (DF) – Uma das testemunhas centrais na investigação que apura o envolvimento da família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um tríplex reformado pela empreiteira OAS no Guarujá, o engenheiro e funcionário da OAS Igor Pontes, que acompanhou as reformas do apartamento, afirmou que as obras estavam sendo feitas de acordo com o gosto do ex-presidente. As informações são de reportagem publicada neste domingo (31) pela Folha de S. Paulo.
O engenheiro foi ouvido por procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato na semana passada. A nova fase da operação, a Triplo X, apura informações sobre os apartamentos do Condomínio Solaris. O imóvel, que originalmente era da cooperativa Bancoop, foi repassado à OAS. O Ministério Público suspeita que empreiteira bancou a reforma do apartamento de Lula.
Segundo testemunhas ouvidas pelo MP de São Paulo, Igor Pontes seria o principal elo entre a família do petista e a OAS. O engenheiro Armando Magre, sócio da Talento Construtora, contratada pela empreiteira para tocar a obra no tríplex, disse a promotores que Pontes o chamou para realizar serviços que consistiam em “mudança de layout, troca de acabamento (pintura, piso, elétrica, hidráulica), execução de impermeabilização, refazimento da piscina, troca de escadas e colocação de elevador privativo”.
Ele disse ainda que teve contato com a esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, quando esteve em reunião com Pontes. Ela teria estado no apartamento na companhia do filho, Fábio Luís, e do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, condenado a 16 anos de prisão.
Outra testemunha também afirmou ter presenciado Pontes na companhia do próprio ex-presidente Lula. De acordo com o assistente de engenharia Wellington Aparecido Carneiro da Silva, que trabalhou na OAS entre 2011 e 2014, a tarefa de acompanhar o casal presidencial em vistorias pelo apartamento e áreas comuns do prédio era de Igor Pontes.
O engenheiro da OAS será agora chamado para depor no Ministério Público do Estado de São Paulo. Além dele, também serão intimados para depor Lula e Marisa Letícia, na condição de investigados. Os dois negam que tenham participado da reforma do apartamento, e sustentam que desistiram da opção de compra. Vale lembrar que os demais compradores só poderiam optar pela desistência dos apartamentos até 2009.