A queda expressiva dos investimentos no último trimestre, que já se tornou rotina no governo de Dilma Rousseff, vem sendo um fator decisivo para explicar o quadro de recessão vivido pela economia brasileira. Em coluna publicada nesta segunda-feira (14/12) no jornal O Estado de São Paulo, o economista Claudio Adilson Gonçalez defende que o recuo de 15% dos investimentos – na comparação com o período entre julho e setembro do ano passado – torna a atual crise brasileira particularmente perversa, pelo fato de a retração do investimento contrair a demanda agregada e dificultar a capacidade de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) potencial do país.
O especialista utilizou um trabalho feito pelo Centro de Estudos do Ibmec (Cemec) para avaliar de forma mais minuciosa esta retração do investimento no Brasil. Por meio da análise dos dados de balanços de 761 empresas no período entre 2010 e 2014, o economista constatou que os equívocos da política implantada pelo primeiro governo de Dilma são o principal responsável pelos resultados ruins do investimento ao longo dos últimos anos.
Em primeiro lugar, Gonçalez aponta que metade do recuo do investimento como proporção do PIB aconteceu em empresas diretamente afetadas pelas políticas públicas desenvolvidas no primeiro mandato de Dilma, fazendo parte deste grupo 40 companhias, sendo 19 de energia elétrica, 12 do setor de etanol e nove petrolíferas. Já a indústria de transformação corresponde a 34% da queda.
Em relação ao lucro líquido das empresas analisadas, o estudo detectou uma forte retração, vista de forma ainda mais marcante no conjunto de instituições afetadas pelas políticas públicas da petista. Em sua maioria estatais, estas companhias viram seus lucros diminuírem em uma proporção maior que a queda dos dividendos, ou seja, houve diminuição das poupanças destas entidades, o que prejudica a capacidade de gerar recursos para financiar o investimento.
Gonçalez explica que os erros da política adotada por Dilma citados são, essencialmente, o controle de preços dos combustíveis para conter de forma artificial a inflação; a obrigatoriedade de conteúdo nacional nos investimentos do setor petrolífero; o cabide de empregos em que se transformou a Petrobras e a corrupção investigada pela Operação Lava Jato, entre outros. A solução para encorajar o investimento, na visão do estudioso, seria reduzir as incertezas, o que pode acontecer com o fim da crise política, o ajuste das contas públicas e a contenção da inflação.