O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou, na manhã desta quarta-feira (16), um depoimento sigiloso em Brasília. Sem alarde e com duração de duas horas, a oitiva ocorreu no prédio da Procuradoria-Geral de Justiça Militar – ramo do Ministério Público da União (MPU) que apura crimes militares – no Setor de Embaixadas Norte, local ermo de Brasília.
Segundo matéria do Estado de S.Paulo desta quinta-feira (17), a presença do petista causou estranheza aos funcionários do órgão, que só souberam que era uma oitiva quando ele desceu do carro. Ao Estadão, a Diretoria-Geral da Procuradoria-Geral de Justiça Militar informou “ter recebido um telefonema do Ministério Público Federal (MPF) na véspera, entre as 19h e 20h, solicitando o uso de uma sala no segundo andar para um ‘atendimento’”. Uma fonte do governo com acesso às investigações da Operação Lava Jato disse ao jornal que Lula foi ouvido como “informante” sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
Conforme o Estadão, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou depoimento do ex-presidente em inquérito que apura formação de quadrilha por políticos do PT, PP e PMDB para desviar recursos da estatal. Nem o MPF nem a defesa do ex-presidente confirmaram oficialmente sobre qual caso ele falou.
O petista tem depoimentos pendentes em ao menos mais duas investigações e foi intimado pela Polícia Federal para depor nesta quinta-feira, em sua sede, em Brasília, sobre suposto esquema de compra de medidas provisórias em seu governo, investigado na operação Zelotes. De acordo com a Procuradoria da República no Distrito Federal, o depoimento desta quarta não foi uma antecipação e não está relacionado a esse caso.
Investigações
O filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, é investigado na operação Zelotes por ter recebido R$ 2,5 milhões de um lobista suspeito de pagar propinas para obter, através de medidas provisórias, benefícios fiscais para montadoras no governo de Lula. Além disso, o ex-presidente é investigado pelo MPF em outro inquérito por suposto tráfico de influência em alguns países para favorecer a Odebrecht. No entanto, o órgão afirmou ao Estadão que também não houve depoimento sobre esse caso na sala da Procuradoria da Justiça Federal. O petista foi ouvido a respeito em outubro, também em local secreto.