Brasília (DF) – O Ministério Público Federal (MPF) revelou que a mulher do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto possui um apartamento no Condomínio Solaris, em Guarujá (SP), que está em nome de uma funcionária da OAS. De acordo com o MPF, o imóvel foi declarado por Giselda de Lima no ajuste anual do Imposto de Renda, no valor de R$ 127,1 mil. As informações são da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (28).
O apartamento no condomínio que é alvo da 22ª fase da Operação Lava-Jato, a Triplo X, deflagrada ontem (27). O local é o mesmo onde a mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, teve a opção de compra de um triplex construído e reformado pela OAS.
Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, a descoberta sobre a mulher de Vaccari causou “espanto” e suspeita de que o imóvel tenha sido usado para lavagem de dinheiro que o ex-tesoureiro teria recebido como propina da empreiteira.
“Esse indício de ocultação de patrimônio (…) reforçou a hipótese de o empreendimento ser utilizado para a lavagem de capitais”, escreveram os procuradores em peça que foi encaminhada à Justiça.
A reportagem da Folha destacou ainda que uma cunhada de Vaccari também é investigada sob suspeita de ter usado um imóvel no Guarujá para receber propina da OAS no mesmo condomínio.
Desconfiança
O jornal O Globo entrevistou Heitor Gushiken, ex-dono de apartamento no Solaris e primo do ex-dirigente do PT Luiz Gushiken, sobre o episódio. Segundo ele, a entrada da construtora nas obras do prédio pode ter acontecido por causa do ex-presidente Lula.
“Ninguém sabe como foi [a entrada]. Como a Bancoop não terminava a obra, foi feita uma comissão (de compradores) para começar a procurar investidores (para terminar a obra). Só que ela não encontrava ninguém. Até que um belo dia apareceu um diretor da OAS no meio. Do nada, ele apareceu. A gente desconfia que foi influência do Lula porque, como ele possuía um apartamento lá também, tinha que arrumar alguém pra terminar e, por vias políticas, chamaram a OAS”, explicou.