Brasília (DF) – A presidente da República Dilma Rousseff poderá ser uma das testemunhas ouvidas nas investigações da Operação Zelotes, em processo que apura a compra de medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo. O juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, autorizou que a petista preste depoimento como testemunha de defesa do empresário Eduardo Valadão, ex-sócio do lobista Alexandre Paes dos Santos.
Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (20/01) pelo jornal Folha de S. Paulo, a presidente Dilma e outros oito políticos intimados a depor terão a prerrogativa de serem ouvidos por escrito se assim desejarem, como previsto no artigo 221 do Código de Processo Penal. Eles também poderão declarar que não têm conhecimento sobre os fatos citados na denúncia do Ministério Público, sendo assim dispensados de responder as perguntas.
Durante as investigações, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal concluíram haver indícios de corrupção em torno da MP 471, que concedeu benefícios às montadoras de veículos.
Vale lembrar que todos os textos de MPs devem passar pelo crivo da Casa Civil antes de serem submetidos ao presidente da República. Dilma Rousseff foi a ministra da Casa Civil entre 2009 e 2010, período em que a medida provisória foi aprovada.
O Ministério Público pede a devolução de R$ 879 milhões aos cofres públicos. Nomes da cúpula petista como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro Gilberto Carvalho também foram arrolados por outros réus na mesma ação, e deverão ser ouvidos como testemunhas.