A postura benevolente do governo de Dilma Rousseff em relação ao regime antidemocrático de Nicolás Maduro foi alvo de críticas do líder oposicionista venezuelano Leopoldo López. Preso desde o ano passado, após envolvimento em protestos contra a ditadura na Venezuela, o coordenador nacional do partido de oposição Voluntad Popular concedeu entrevista exclusiva ao jornal Correio Braziliense, publicada nesta sexta-feira (4/12), na qual comentou as afirmações do presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, sobre a exclusão da Venezuela do Mercosul.
Quando perguntado sobre o fato de Dilma ter descartado a possibilidade de acionar cláusulas democráticas para expulsar a Venezuela do Mercosul, López citou que os argumentos de Macri estão respaldados pelo Protocolo de Ushuaia, base da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e afirmou: “Quem não compartilha da visão do presidente Macri talvez esteja se focando em pactos econômicos de conveniências particulares e circunstanciais, acima do que são as normas de convivência democrática em cada um dos países”, em menção a presidente petista.
Condenado a 13 anos e nove meses de prisão, López destacou, ainda, os reflexos negativos causados pelos governos ditatoriais na América Latina. “Está muito claro que as experiências totalitárias na América Latina trouxeram atraso e pobreza. Por isso, são tão importantes as cláusulas democráticas nesse tipo de acordo internacional”, explicou, ao apontar a importância da Unasul na consolidação dos povos sul-americanos.
As eleições parlamentares venezuelanas acontecem no próximo domingo (6/12). Por meio de seu advogado, Juan Carlos Gutiérrez, o preso político pediu autorização à Justiça para votar. Segundo a reportagem, em caso de derrota, tanto Maduro quando Diosdado Cabello, líder da Assembleia Nacional, já afirmaram que os seguidores do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) vão descartar qualquer tipo de pacto com a direita e aprofundarão a revolução no parlamento.