Brasília (DF) – O ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, admitiu na segunda-feira (25) à Justiça Federal que o lobista Mauro Marcondes pediu que ele advogasse no governo pela edição de medida provisória (MP) que prorrogaria incentivos fiscais para montadoras de veículos com fábricas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Em depoimento prestado na Operação Zelotes, o ex-ministro afirmou que a solicitação ocorreu durante a gestão Dilma Rousseff, quando ele comandava a Secretaria-geral da Presidência.
“O argumento dele era que as empresas [beneficiadas pelo incentivo] ameaçavam sair das regiões [em que estavam]. Eu disse a ele que isso não era meu papel, mas da Fazenda”, afirmou Carvalho.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo desta terça (26), Carvalho confirmou que Marcondes foi recebido ao menos três vezes no Planalto, mas os assuntos discutidos eram institucionais. Os encontros ocorriam no seu próprio gabinete ou no de Lula.
O ex-ministro relatou ter recebido de Marcondes uma carta de empresa multinacional com pleitos do setor automotivo. Segundo ele, o lobista era recebido por ser representante da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Segundo o jornal, Carvalho negou ter tido conhecimento de qualquer ilegalidade envolvendo as supostas compras de medidas provisórias que beneficiaram montadoras de veículos. Na avaliação do ex-ministro, Lula tinha prazer de se reunir com comandantes de grandes empresas, em especial as que mantinham investimentos no país. “O estímulo à indústria automobilística era a alma do presidente Lula”, declarou.
O ex-ministro ainda criticou a Operação Zelotes por, segundo ele, colocar como foco o ex-presidente e deixar de lado as grandes empresas suspeitas de sonegação. “O foco é o presidente Lula, que passou a ser objeto de busca, de perseguição. Eu só estou nessa história por causa do presidente Lula”, completou.