Brasília (DF) – O lobista Fernando Moura alterou pela segunda vez a versão de seu depoimento, e nessa ocasião voltou a confirmar que o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, recebia propina de empreiteiras, e que ele sabia, sim, que o dinheiro era proveniente de desvios na Petrobras. A mudança de postura ocorreu um dia após procuradores da Operação Lava Jato ameaçarem anular seu acordo de delação premiada. As informações são de reportagem da Folha de S. Paulo desta sexta-feira (29).
Em depoimento prestado ao juiz Sergio Moro na semana passada, Moura negou que Dirceu tivesse sido responsável pela indicação de Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobras, e ainda insinuou que procuradores ou seus próprios advogados pudessem ter deturpado sua delação.
Nesta quinta-feira (28), porém, o lobista admitiu que mentiu em juízo no depoimento anterior e afirmou que sua delação é “estritamente verdade”. Amigo de José Dirceu há 30 anos, ele disse que tinha “certeza que ele [Dirceu] tinha [conhecimento]” do esquema de corrupção.
O lobista também revelou que passou quatro meses no exterior, em 2005, ano em que o escândalo do mensalão foi descoberto, a conselho de Dirceu. Durante esse período, ele teria recebido dinheiro, a pedido de Renato Duque, para que ficasse calado.
Fernando Moura ressaltou ainda que mudou a versão do seu depoimento porque se sentiu ameaçado. Ele relatou que no dia anterior ao seu primeiro depoimento à Justiça, foi abordado por um estranho na rua, em Vinhedo (SP), que lhe perguntou como estavam seus netos no Sul. “Eu tenho dois netos que moram em Venâncio Aires (RS). Fiquei totalmente transtornado”, completou.