Brasília (DF) – O descontrole do governo da presidente Dilma Rousseff nas contas públicas agora prejudica grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Empreendimentos que antes eram considerados prioridade para a propaganda petista, como a ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), hoje sofrem com o corte de verbas e com o envolvimento de suas construtoras na Operação Lava Jato. Já foram demitidos cerca de 8.200 operários.
As informações são de reportagem desta quinta-feira (07/01) do jornal O Globo. De acordo com a publicação, os canteiros das três principais frentes de obras tocadas pela Valec já encolheram mais de 80% ao longo de 2015. Hoje, as obras seguem em marcha lenta, quase paradas. Dos 10.192 empregados das construtoras contratados pela estatal em fevereiro, 8.243 foram demitidos em novembro. O contingente atual é de 1.949 operários.
Para o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA), o atraso nas obras das ferrovias também pode ser explicado pela recessão econômica, que diminui os investimentos. Para se ter uma ideia, em 2014, o orçamento empenhado pela Valec era de R$ 2,6 bilhões. No ano passado, o valor caiu para R$ 1,8 bilhão.
“Tanto as obras da Fiol como também da ferrovia Norte-Sul já estavam sofrendo graves dificuldades na sua evolução. As obras da Ferrovia Oeste-Leste estavam praticamente paralisadas, com um esforço grande para tentar manter um mínimo de operários. O que a gente vê é que esse governo do PT é um governo de muita propaganda e de pouca realização, e agora lamentavelmente, depois que a presidente Dilma arruinou a economia nacional, a face mais cruel da crise começa a aparecer de uma maneira dramática: o desemprego”, afirmou.
Desperdício
Vale lembrar que a ferrovia Oeste-Leste já foi colocada em xeque pelo próprio governo, que retirou a obra do Programa de Investimento em Logística (PIL) em 2015. Inicialmente pensada para transportar minérios do interior da Bahia para um novo porto no litoral, a obra perdeu sua função após a queda do preço do minério no ano passado, o que fez com que o governo do Estado desistisse da construção de um novo porto. A Fiol tem um custo total de R$ 4,2 bilhões.
O especialista em infraestrutura e sócio da Inter.B consultoria, Claudio Frischtak, avaliou que o projeto foi um “desperdício enorme de recursos públicos”. “Não tem carga, não tem porto, e a Bahia concedeu licenciamento ambiental, mas ninguém tem dinheiro para construir. O projeto liga o nada a lugar nenhum. Já foi um desperdício enorme de recursos públicos. Se não fizerem nada, logo vão roubar os trilhos”, disse ao jornal.
“É um governo que mente sem parar”, destacou o deputado Imbassahy. “Primeiro era o PAC 1, depois veio o PAC 2, agora fala-se no PAC 3. É muita corrupção nas obras. A operação Lava Jato identifica a cada dia mais situações escandalosas, que deixam o país e até o mundo todo estupefato com o que está acontecendo na Petrobras e em outros segmentos da administração. Acaba a população mais humilde pagando o pato”, apontou.
Para o parlamentar, a incompetência e a má gestão das obras públicas só vão ter fim com um novo governo. “O problema básico é a presidente Dilma, que aliás foi uma invenção. Dilma foi uma invenção do ex-presidente Lula. Foi ele quem trouxe essa pessoa para conduzir o país. Agora está aí, esse arrependimento enorme, e o país cada vez mais indo para o buraco”, completou o tucano.