Brasília (DF) – O sonho de adquirir a casa própria está cada vez mais distante da realidade dos brasileiros. De acordo com o presidente da Associação das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho, os saques da caderneta de poupança, fonte de recursos para o financiamento imobiliário, e a alta no mercado de juros futuros devem elevar as taxas cobradas nos empréstimos para a aquisição de imóveis.
Reportagem da Folha de S. Paulo desta quarta-feira (27) apontou que os resgastes da poupança somaram R$ 50 bilhões em 2015, complicando a situação do crédito imobiliário. Além disso, a crise político-econômica resulta em previsão de taxas de juros mais altas no futuro.
Para Abreu, que também é diretor da área no banco Santander, a curva de juros está pressionada e isso pode configurar alta nas taxas do crédito imobiliário ao longo do ano. Segundo ele, o alto grau de incertezas econômicas e políticas podem estar adiando as mudanças. “Acho muito difícil que as taxas caiam ao consumidor em 2016”, afirmou.
O saldo de recursos na poupança, de R$ 509 bilhões no ano passado, atingiu, pela primeira vez, 65% do crédito que utiliza a caderneta como funding. Esse percentual é o máximo que os bancos podem destinar ao crédito imobiliário.
Com a estimativa que os resgastes da poupança continuem, o setor deverá buscar outras fontes de financiamento, como o mercado de capitais. O jornal cita que, no entanto, as taxas desse tipo de operação são mais caras.
Expectativa
A Abecip estima ainda uma queda de 20,6% na concessão de crédito para compra e construção de imóveis neste ano, para R$ 60 bilhões, após recuo de 33% em 2015. Além das dificuldades para ofertar crédito, a demanda vai continuar retraída, influenciada pela alta inflação, desemprego, queda na renda e baixo nível de confiança.