Já vivemos a transição pós-governo Dilma, pós-PT. É evidente que o vice Michel Temer, pela sua movimentação e pela articulação de seus prepostos, se prepara para o afastamento da presidente, vale dizer, para assumir o mandato presidencial, se não for abatido por uma decisão do TSE.
A presidente que formalmente ainda governa tenta os últimos lances para a sua salvação, que nos parece impossível. Vai produzir alguns cortes no magro orçamento de 2015 e propor ou tentar impor alguns aumentos de impostos via projetos de lei e/ou via decretos, com poucas chances de sucesso.
Nesse momento ela perdeu o apoio da maioria das casas legislativas, dos movimentos sociais, do conjunto da sociedade e mesmo do seu partido. A movimentação e os pronunciamentos de seu criador, o ex-presidente Lula, são a expressão de um isolamento poucas vezes visto na história política do país. Tudo se agrava se observarmos que não existe o governo uno: são diversos os governos, um encabeçado por Joaquim Levy que propugna pela receita de um ajuste ortodoxo, outro encabeçado por Nelson Barbosa e Aluízio Mercadante que ainda sonham com a tal nova matriz econômica que deu com os burros n’água, outros ativados por ministros que atuam em faixa própria, como o ministro Guilherme Afif que, contrariando as equipes econômicas, atua no parlamento para aprovar seus próprios projetos.
Lula expõe, abertamente, a sua oposição às políticas que Dilma sustenta a ponto de ser visto como preparando-se para o momento seguinte, ou seja, o momento da assunção de Michel Temer na presidência, tendo em vista que já dá por perdido o mandato da presidente. Não vai tentar segurar o defunto por mais três anos.
A hipótese que hoje se apresenta é o governo Michel Temer tendo como oposição Lula e o que restará do PT.
Como ficamos nós, o PSDB e seus aliados, a verdadeira oposição nesses últimos 12/13 anos?
A meu ver devemos ficar onde sempre estivemos, em oposição ao novo governo que deve assumir e que representa, como uma farsa, a continuidade do atual, e em oposição a Lula e ao PT que tentarão se qualificar para 2018.
Essa é a minha opinião. O partido, como um todo, decidirá.
Isso não quer dizer que nós não estaremos dispostos a colaborar, desde já, com as medidas que possam tirar o país desse buraco em que o lulo-petismo nos meteu. Muito menos deixaremos de levantar a necessidade de uma profunda reforma no Estado brasileiro, sob todos os seus ângulos, para que possamos tomar o caminho do crescimento e do desenvolvimento a favor da ampla maioria de nosso povo.
Não vamos abrir mão dos nossos princípios e de nossas convicções, sempre colocando os interesses do país acima de quaisquer outros.
*Publicado no Blog do Goldman