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Novo delator da Lava-Jato diz ter emprestado R$ 12 milhões para amigo de Lula

policia_federal__marcelo_camargo_abr_0A operação Lava-Jato ganhou um novo delator. O empresário Salim Schahin, um dos sócios do Grupo Schahin, em acordo de delação premiada
homologado pela Justiça, esclareceu as condições do empréstimo de R$12 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. A reportagem publicada nesta quinta-feira (19/11) pelo jornal O Globo explica que, segundo o delator, a dívida nunca foi paga. A defesa de Bumlai alega que o débito foi quitado com sêmen de boi.

O empréstimo entre Bumlai e Schahin foi citado pela primeira vez pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Musa declarou que ouviu do ex-diretor da área Internacional da estatal, Nestor Cerveró, que o empréstimo do banco serviu para quitar uma dívida da campanha à reeleição do ex-presidente Lula, em 2006. Ainda segundo o delator, o Grupo Schahin fechou contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras para operar navio-sonda, como forma de compensação.

O ex-gerente da Petrobras teria confirmado a versão de Cerveró com Fernando Schahin, também sócio do grupo. Musa, no entanto, afirmou que o valor do empréstimo ao PT teria sido de R$ 60 milhões, e não R$ 12 milhões, como declarado agora por Salim Schahin aos investigadores. A força-tarefa quer saber agora se o empréstimo realmente foi usado para quitar dívidas da campanha petista.

Salim Schahin é pai de Carlos Eduardo Schahin, que presidiu o banco da família e foi condenado em julho do ano passado por manter recursos não declarados em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A instituição acabou sendo vendida ao BMG em 2011. A gestão criou atritos entre os donos do banco, o próprio Salim e Milton Schahin, pai de Fernando Schahin. Fernando foi apontado por delatores como o intermediário do repasse a Bumlai.

A partir do empréstimo, Fernando Schahin passou a ser interlocutor constante nos negócios do grupo com a Petrobras. A informação consta do depoimento do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano. Em sua delação, Baiano disse que acertou com Bumlai o pagamento de US$ 5 milhões a Cerveró e a outros dois ex-gerentes da estatal para garantir que os contratos de operação do navio-sonda ficassem com o Grupo Schahin. Segundo ele, o pagamento à Diretoria Internacional teria sido tratado por Fernando Schahin.

Outros integrantes do Grupo Schahin também negociam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, entre eles ex-executivos do banco.

Em maio, executivos do Grupo Schahin foram convocados à CPI da Petrobras. Nenhum se pronunciou. A empresa está suspensa de fazer contratações com a Petrobras. Em julho o presidente do grupo Schahin, Milton Schahin, afirmou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), patrocinou esquema de perseguição às suas empresas. Cunha negou as acusações.

A defesa de Bumlai confirma que seu cliente pegou R$ 12 milhões emprestados com o Banco Schahin, em 2004. A defesa, porém, afirmou que o dinheiro seria para as empresas da família do empresário e não para o PT. O advogado informou ainda que Bumlai pagou a dívida com o banco. O PT, repetidamente, afirma que todas as doações para a legenda foram feitas legalmente e declaradas à Justiça eleitoral. José Carlos Bumlai deve depor na próxima terça-feira na CPI do BNDES.

 

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