A crise política e econômica enfrentada atualmente pelo Brasil é, de fato, preocupante e merece a atenção de todos. Com as ações do Governo nos últimos anos os empresários perderam a confiança em investir. A omissão de fatos reais sobre situação econômica e a falta de perspectiva levou os brasileiros a desesperança. O Brasil tem jeito? É o que muitos indagam.
O enfrentamento da crise, mais do que medidas pontuais, exige reformas complexas e, principalmente, de maneira planejada.
O primeiro grande passo, tenho defendido com insistência, é a reformulação do Pacto federativo. Não vamos conseguir avançar e crescer de maneira vigorosa com o atual modelo centralizador. Os prefeitos não podem se transformar em administradores de folhas de pagamento. Estados e Municípios precisam ter autonomia e recursos para garantir os investimentos necessários, com as prioridades que só a realidade local conhece. Não podemos imaginar que a realidade de Belo Horizonte, com milhões de habitantes, é a mesma de Serra da Saudade, que tem uma população de pouco mais de 800 pessoas. São demandas e desafios distintos.
Por isso, ao mesmo tempo, é preciso que o Governo Federal repense o modelo tributário atual, excessivamente burocrático, que não atende a contento nem a administração pública nem do setor produtivo. A reforma política, também demanda da sociedade, precisa sair do papel de maneira responsável e inovadora.
Não precisamos inventar a roda. É possível observar o que já foi realizado com sucesso em Países mais desenvolvidos e adaptar à realidade brasileira. O modelo federativo alemão, por exemplo, é bom exemplo para analisarmos como ponto de partida.
Ocorre que qualquer reforma necessita de uma liderança firme em sua condução e de planejamento estratégico. Liderança e planejamento são pontos chave. E, sabemos todos, o Brasil carece hoje desses dois elementos. Conseguirá o Governo Federal conduzir tais reformas com a falta de liderança e rumo atuais? Com que propostas?Com que planejamento? Objetivando quais resultados? A atual crise, dessa forma, é catalisada e majorada por falta desses dois pontos fundamentais.
A inércia com a qual o Brasil tem sido administrado não pode continuar. Afinal, bem sabe os gestores municipais, as demandas não diminuem. Pelo contrário. É na porta das nossas prefeituras e Câmaras que os cidadãos batem. Não é na porta da Presidência da República. E que respostas podemos dar?
Não tenho dúvidas de que o Brasil tem jeito. Sabemos bem dos desafios. Temos o diagnóstico, por mais preocupante que seja. É preciso, pois, traçarmos o plano de ação, que passa pela descentralização administrativa, ouvindo a sociedade. Com uma liderança firme e com ações concretas para a melhoria dos serviços públicos, conseguiremos colocar o Brasil no rumo de um desenvolvimento mais sustentável, com crescimento produtivo e justiça social.